28 de setembro de 2009

Filhos de Portugal

O Zé acordou, como sempre, sobressaltado com o barulho irritante do besouro do despertador.
Seguiram-se os rituais de sempre, banho, barba e a correria do costume entre as peças de roupa que vestia e o pequeno-almoço tomado aos solavancos, entre uma meia e um botão de punho.
Os miúdos que teimam em se atrasar e ele que ainda tem de levar o mais pequeno ao infantário, já que a Maria leva a mais velhinha ao colégio, que lhes custa uma fortuna e já não lhes permite pagar o extra do transporte.
Finalmente, e após as primeiras discussões matinais que envolveram todos os elementos do agregado familiar, saem para a rua. A Maria arranca esbaforida no seu pequeno utilitário, que já anda com a inspecção atrasada há dois meses, e acaba a maquilhagem durante o percurso até ao colégio, onde deixa a mais velhinha, apressada e sem sequer confirmar se a menina entrou efectivamente no colégio. O Zé arrancou com um sonoro chiar de pneus no monovolume da família, em direcção ao infantário. O trânsito naquelas ruas é sempre infernal, o Zé pragueja alto e bom som, usando da sua inesgotável capacidade de vociferar os maiores palavrões que se conhecem na língua Portuguesa, e até em Inglês, que isto do palavrão também se internacionalizou. Aparentemente absorto do comportamento destemperado do seu pai, o mais pequeno segue entretido com a sua PSP no banco de trás, na cadeirinha do bebé que o Zé se esqueceu de apertar convenientemente.
Chegado ao infantário o Zé entrega em correria o filho e segue para o seu emprego.
Aguardemos 8 a 9 horas ...
18:30, a Maria chega ao colégio onde apanha em correria, em nada inferior à da manhã, a mais velhinha, que é arrancada com evidente alegria da sala de estudo, onde via pela 52ª vez o filme “À procura de Nemo”.
Uma hora depois é a vez do Zé receber nos braços o mais novinho, que chora compulsivamente por já ser o último que aguardava pela chegada de alguém que o tirasse dali para fora.
Por volta das 20:00 a família está finalmente reunida á mesa, onde jantam uma lasanha que o micro-ondas acabou de confeccionar. O Zé, em desatino total conta á mulher como o safardanas do chefe o anda a entalar com o sacana do relatório. A Maria ouve, em silêncio, aquela ladainha que já se tornou parte da refeição e limita-se a abanar a cabeça de forma afirmativa, mas a sua cabeça já só pensa na roupa dos miúdos que ainda tem que passar a ferro antes de se ir deitar. Tudo isto, claro está, passa-se à mesa e em frente dos miúdos, que eles precisam de saber o que custa vida, segundo o Zé.
Um dia, passados alguns anos, estes miúdos, os filhos de Portugal, são chamados a votar, e …

23 de setembro de 2009

Reciclagem em Portugal dá passo atrás.


A Sociedade Ponto Verde anunciou hoje que, para evitar a falência, irá abandonar já a partir de Outubro a retoma e envio para reciclagem dos plásticos mistos (embalagens de manteiga e iogurtes, por exemplo).
Desde 2007 que passou a ser possível depositar os denominados plásticos mistos no contentor amarelo do Ecoponto. Esta facilidade causou no entanto um incremento no custo relativo ao processo de selecção dos lixos, que é efectuado por entidades (leia-se empresas) criadas a nível municipal.
Segundo o Presidente do C.A. da Sociedade Ponto Verde, os plásticos mistos representam 2% das embalagens recolhidas, mas consumiam já 13% dos recursos da empresa.
Esta é a explicação apresentada pela SPV, e é aceitável, o que me parece menos aceitável é que uma empresa que foi criada, por produtores, importadores e distribuidores de embalagens com vista a que se cumprissem as metas legais de reciclagem, dê agora um passo atrás com esta justificação.
A verdade é que a SPV já atingiu hoje o valor previsto em termos de metas de reciclagem previstos para 2011 e quer agora "aliviar" as suas finanças.
Só que ao fazê-lo está a obrigar o País a dar um grande passo atrás em matéria de protecção ambiental, uma vez que os tais plásticos mistos passarão agora a ser incinerados ou depositados em aterros.
Parece-me um passo atrás vergonhoso e que carecia de intervenção das autoridades competentes (Ministério do Ambiente ?) para o evitar.

19 de setembro de 2009

(De)formação Cívica


Na 2ª feira passada teve inicio mais um ano escolar e foi feita, nesse mesmo dia, uma reunião de apresentação ao pais, como já vem sendo hábito. Constatei, no caso concreto da Escola (pública) do meu filho, algumas melhorias, o que é sempre de saudar. O que não é de saudar e mais uma vez me causa, por um lado tristeza, por outro preocupação quanto ao futuro, é a forma displicente como é tratada a disciplina de Formação Cívica. Continua a ser uma disciplina de plano secundário em relação ás demais, leccionada por um professor de outra qualquer disciplina, com uma carga horária de (apenas) 45 minutos semanais e com uma avaliação diferenciada e que nem conta para a passagem final de ano. Quando aqui há uns anos vi ser criada esta disciplina, devo confessar que fiquei muito feliz e com aquela esperança de que, devagar, mas sustentadamente estaríamos a caminhar no sentido certo, qual quê ! Estamos, mais uma vez, perante uma medida que se pretendia (re)estruturante, mas que mais não foi que uma manobra de maquilhagem para calar alguns. Formação Cívica deveria ser uma das disciplinas base do nosso ensino, e que visasse sobretudo formar as novas gerações para o futuro, dando-lhes conhecimentos sólidos sobre cidadania, e correctos comportamentos sociais a todos os níveis. Ao invés, estamos perante uma disciplina tratada de forma menor, que ajudou apenas o propósito de aumentar a carga horária dos alunos, mantendo-os na escola durante mais tempo. Mais uma vez lastimo a forma displicente como vamos perdendo todos os "comboios" que passam rumo ao futuro. E com tanto "comboio" destes perdidos, não haverá depois "TGV" que nos salve. É que nesta linha, o "comboio" só costuma passar uma vez !

16 de setembro de 2009

Banda Sonora política #4

Dedico este tema musical de hoje à Dra. Manuela Ferreira Leite.
Depois de tudo quanto disse e fez até ao momento, só lhe posso mesmo dizer :

15 de setembro de 2009

Trajecto de vida


Sou um filho de Almada
Com passagem por Milfontes
Santiago minha amada
Galveias nos horizontes

Por onde quer que passei
Acabei por me encantar
Mas mais encantado fiquei
Por todas as terras amar

Almada é coração
Milfontes foi loucura
Santiago a razão
Galveias é frescura

Não gosto de Lisboa
Chego mesmo a odiar
A sua paisagem só é boa
Se de Cacilhas a mirar

E de Lisboa nem falo mais
Tenho de lá ir obrigado
São sete colinas fatais
Reza a sina e canta o Fado

Em Almada fui menino
Fiz da rua o meu recreio
Tinha Milfontes como destino
Quando a mocidade veio

De Milfontes ficam os verões
De Santiago as amizades
Foram fortes sensações
Batem-me ás vezes as saudades

No auge da juventude
Regressei a Almada
Vim viver na plenitude
A minha terra amada

Almada meu amor
Terra da minha paixão
Amo-te com muito fervor
Trago-te no coração

13 de setembro de 2009

Acabe-se de vez com esta Rosa Alaranjada.

Tal como era de esperar, Sócrates esmagou Ferreira Leite no debate de ontem.
E por mais estranho que possa parecer, eu fiquei satisfeitíssimo que tal tenha sucedido.
Só tenho pena é que esta situação não possa ser devidamente aproveitada pelo Povo Português, dada a sua falta de cultura política.
Durante décadas que a grande franja do nosso eleitorado, que são os indecisos, e que vão votando á vez entre PS e PSD, o fazem baseados na falsa sensação do voto útil.
Mas útil para quem ?
Para o Povo nunca o há de ter sido certamente. Há de ter sido, e foi-o seguramente, para que pudéssemos assistir ao crescimento político de personagens que, num País onde houvesse a menor cultura política, teriam morrido á nascença.
É necessário que as pessoas parem, pensem, usem um bocadinho da sua inteligência e apelem á sua memória e parem de vez com esta acefalia do voto útil, que ora cai para o lado do PS ora cai para o lado do PSD.
Foi através deste voto útil, a que eu prefiro chamar voto estúpido, que nós conseguimos ter os últimos 4 brilhantes 1º Ministros que tivemos e que colocaram o País onde colocaram.
Chega ! é tempo de se votar efectivamente de forma útil, e para o fazer já não restam dúvidas, depois do que se tem visto nos últimos tempos nesta campanha.
O PS governou como governou nos últimos 4 anos e deixou-nos no estado em que estamos. Governou com base na mentira, com base no abuso de poder, que de forma continuada abafou os escândalos, e foram vários, que envolveram o 1º Ministro e que num País com cultura política teria valido a queda do Governo.
Do lado PSD temos uma líder, prepotente, arrogante, ditatorialmente determinada e disposta a retirar-nos a democracia em que vivemos. Disse ela que seriam por 6 meses, eu acredito que com ela, seria para sempre.
Restam duas hipóteses, ou o voto útil cai à direita, ou cai à esquerda, o que equivale a dizer que já só resta uma hipótese, pois ninguém no seu perfeito juízo entregará, em especial na conjuntura actual, o seu voto a um CDS que, a meu ver, até tem nas pessoas do seu líder e do deputado Nuno Melo os únicos políticos capazes (para quem se reveja nas políticas neoliberais de direita), mas ainda assim insuficientes de se constituírem como uma real opção para formar governo.
Chegámos, por exclusão de partes á esquerda, mas também aqui há que ter cuidado, é que há a esquerda do PCP e a esquerda do Bloco. São esquerdas, uma e outra, têm grandes afinidades, mas vejo um Bloco cada vez mais vaidoso, mais embevecido com os resultados favoráveis das ultimas eleições, e quando assim é, há que ter cuidado, porque quem assim reage, deslumbra-se com facilidade se chegar ao poder.
Já no PCP, vejo finalmente, com a liderança de Jerónimo, um PCP rejuvenescido, livre de algumas amarras do passado, e que defende políticas económicas, financeiras e sociais que vão de encontro áquilo que são as expectativas do Povo. Acima de tudo vejo um PCP que aligeirou o seu aparelho partidário, que o tornava num partido demasiado inflexível e incapaz de gerar confiança absoluta naqueles que, como eu, sendo de esquerda, não são necessáriamente Comunistas.

12 de setembro de 2009

Almada, Cidade Educadora


Defendo, e cada vez mais, que uma sociedade que se quer evoluída, com maior civismo e cidadania, e naturalmente melhor preparada para os desafios que constantemente se nos deparam, deve ser alicerçada na Educação e Cultura.
Sem Educação e Cultura, bem podem chover Euros, que os mesmos escorrem, sem proveito, para a sarjeta da ignorância e da incapacidade de evolução.
Nesse sentido, é com redobrado orgulho que quero deixar aqui, aquilo que considero ser um exemplo para o País no que à Educação e ao cuidado de educar um povo diz respeito.
Almada, a minha cidade, a terra que me viu nascer, tem, através da sua Câmara Municipal, desenvolvido um projecto ao nível da Educação verdadeiramente exemplar.
Tentarei de forma abreviada, mas ainda assim esclarecedora, deixar aqui as linhas mestras do que foram, nos últimos 4 anos, essa gestão sustentada do plano Almada Cidade Educadora.
Foram investidos pela autarquia, nos últimos 4 anos, cerca de 24 milhões de Euros na construção de 9 novas escolas básicas com jardim-de-infância. As novas escolas que têm sido construídas em Almada assentam arquitectonicamente em tipologias avançadas, com mais salas disponíveis, o que permite ás associações de pais, grandes dinamizadoras das actividades de enriquecimento cultural (AEC's), o alargamento dos horários de funcionamento das escolas, facilitando assim a vida de enumeras famílias.
Também os mais desfavorecidos têm sido alvo da atenção redobrada neste projecto Cidade Educadora. Durante o ano passado foram servidas 800 mil refeições quentes nos 44 refeitórios escolares existentes, permitindo assim condições de igualdade no ensino aos alunos mais carenciados. De salientar ainda que, para garantir a qualidade da alimentação nas escolas, a Câmara de Almada celebrou um protocolo com o Instituto Ricardo Jorge que efectua o controlo micro biológico dos alimentos que são confeccionados nos refeitórios escolares.
Foi também desenvolvido uma rede de transporte especial para os alunos com mobilidade reduzida, que garante o transporte de dezenas de alunos nestas condições entre a casa e a escola.
A rede de bibliotecas escolares tem tido também um crescimento constante, contando o concelho hoje em dia com cerca de 40 destas unidades.
Como se pode ver, a aposta na Educação em Almada é uma realidade, e mais importante que isso, é uma realidade sustentada e devidamente estruturada o que permitirá, seguramente, um futuro melhor para a sua população.
Não queria acabar sem deixar de referir que o meu orgulho se deve, sobretudo, ao meu enorme "bairrismo" por Almada e ao poder verificar que a Educação é um pilar na evolução do meu concelho, o que vai de encontro ás minhas expectativas e á minha visão de futuro para o nosso País.

10 de setembro de 2009

Banda Sonora política (#3)

Hoje dedico este tema, a um eventual Bloco-Central que (infelizmente) nos possa vir a (des)governar a partir de dia 27.
Cuidado ! é que lá para o fim da música, a letra torna-se "fracturante" !

8 de setembro de 2009

Aberração motociclistica


O Governo introduziu no passado mês de Agosto uma alteração ao Código da Estrada, permitindo que os condutores com mais de 25 anos e habilitados a conduzir veículos de categoria B (ligeiros de passageiros), passem a estar também habilitados á condução de veículos da classe A1, ou seja, motociclos até 125 cc.
Quando anualmente se gastam fortunas em campanhas de prevenção rodoviária, que visam a redução do número de acidentes e consequentemente do número de feridos e mortos daí resultantes, só posso ver esta medida como algo de profundamente contraditório e impensado.
Será que aqueles que analisaram (e terão mesmo analisado ?) esta questão já alguma vez conduziram um motociclo ?
Terão eles noção que, mesmo tratando-se da mais baixa cilindrada da classe de motociclos, estamos a falar de veículos que fazem tempos dos 0 aos 100 Km/h muito inferiores à grande maioria dos automóveis que circulam nas nossas estradas e que atingem velocidades superiores aos 120 Km/h ?
Não devem ter noção alguma da aberração de lei que aprovaram e dos problemas que, seguramente dai advirão.
Deixem-me dar aqui dois exemplos que, sendo absurdos, não deixam de ser possíveis e que só atestam a “alarvidade” cometida.
Imaginemos que um individuo com carta de condução de categoria B, não sabe andar de bicicleta, mas como é aventureiro ou não regula bem, decide comprar uma mota de 125 cc para ver se aprende a andar de mota. O mais certo é que esse individuo se mate em menos de 15 minutos, ou que pelos menos fique gravemente ferido ou até incapacitado para o resto dos seus dias. E tudo isto com a devida aprovação do nosso Governo.
Ou então, para não dar um exemplo tão absurdo, vou dar aqui outro que também não deixa de ser possível.
Imaginemos que, por exemplo o meu querido Pai, decide agora comprar uma mota até 125 cc para dar uns passeios. Eu não me preocuparia, não fosse ele ter 75 anos de idade, não sentar o rabo, nem sequer numa bicicleta, há mais de 20 anos, já não ter bons níveis de visão, e ainda piores de audição, e nem me vou referir á falta de agilidade bem própria da sua idade.
Enfim, eu só consigo tirar daqui uma de duas conclusões, ou foram irresponsáveis ao aprovarem tal lei (nº78/2009) ou então, não é descabido pensar que houve alguém que beneficiou, e muito, ao conseguir fazer aprovar tamanha aberração.
Sou motociclista há 23 anos, ando todos os dias de mota, e penso que, em particular as nossas cidades, muito lucrariam com o aumento do número de motociclistas e respectiva redução de automobilistas.
Mas não aceito isso a qualquer preço, muito menos quando o preço a pagar seja a própria vida ou a incapacidade física das pessoas.
Espero bem que esta lei seja revista e, obviamente, revogada.

7 de setembro de 2009

Banda Sonora política (#2)

De novo Jorge Palma a dar voz á minha banda sonora, o que não é de admirar dada a enorme admiração que nutro por ele.
Dedico este tema, e mais uma vez a letra do tema em especial, ao Camarada Jerónimo.
Que esta letra seja um hino para o Jerónimo nas eleições que se seguem.

"Enquanto houver ventos e mar, agente vai continuar"

Podes crer que vamos Jerónimo !


6 de setembro de 2009

Comboio, o futuro.

A aposta definitiva numa rede ferroviária abrangente e devidamente estruturada, que “rasgue” o País de Norte a Sul e de Este a Oeste, tarda a aparecer em Portugal.
Portugal investiu e muito, e neste momento até demais, em auto-estradas.
Foi importante dotar o País desta rede de auto-estradas, é um facto indesmentível. Portugal apresentava aí um atraso significativo e que era gerador de gravíssimos problemas de deslocação de pessoas e bens, com as consequentes agravantes sociais e económicas que dai advinham.
Mas o capítulo auto-estrada está esgotado. Portugal precisa agora, e a meu ver, urgentemente, duma rede ferroviária que lhe permita servir o Pais de forma a inverter uma série de factores desequilibrados, quer sociais bem como económicos e até mesmo estruturais.
É cada vez maior a desertificação do interior Português, e esta situação tem de ser analisada como deveras preocupante, não apenas pela grave situação social que isso constitui, mas também pela forma, diria mesmo estúpida, como se esbanjam os enormes recursos e potencialidades que esse mesmo interior, de sul a norte, possui.
Temos um País cada vez mais desequilibrado e a tombar a “Oeste”, as grandes cidades, todas elas próximas da nossa linha costeira, estão esgotadas, os recursos naturais que circundavam estas mesmas cidades têm sido dizimados e com isto têm-se cometido crimes ambientais violentos e imperdoaveis. Há excesso de população nestas cidades, e isso acarreta uma série de problemas gravíssimos sob o ponto de vista social. Ao invés, o interior desertifica-se e intensifica-se o crescimento duma população idosa, normalmente, doente, de baixos recursos económicos e, consequentemente, também aqui, geradora de gravíssimos problemas sociais.
Portugal é um País estreito, com cerca de 200 Km’s de largura em grande parte do seu território. Não será por isso muito difícil de ver que o comboio se constitui como o principal factor de esbatimento destas assimetrias entre o interior e a nossa zona costeira.
Uma linha férrea moderna e a funcionar em condições, e nem estamos obviamente a falar das loucuras do TGV, poderá colocar pessoas e bens, em cerca de 1 hora a hora e meia entre as grandes cidades e o interior do País.
O actual desequilíbrio que se verifica potenciou, entre muitos outros factores negativos, uma desmesurada especulação imobiliária nas zonas das grandes cidades, com as consequentes dificuldades que isso produz nas condições de vida das suas populações. Um País onde a rede ferroviária viesse cativar as pessoas a passarem a viver em zonas mais interiores traria, logo de imediato, melhorias nas suas condições de vida, ao poderem adquirir habitações que, com o mesmo grau de qualidade, custariam certamente muito menos que nas grandes cidades.
O crescimento populacional no interior, atrairia para o mesmo, inevitavelmente, investimento em infra-estruturas e negócios que servissem as necessidades daqueles que agora lá passariam a viver. Teríamos pois, um aumento no número de empregos na zona interior e uma, cada vez maior, fixação da sua população jovem, mitigando assim, e de forma gradual, um dos seus maiores problemas da actualidade.
Nas grandes cidades teríamos, consequentemente, um inevitável decréscimo populacional, diminuindo assim aquele que constitui hoje em dia o seu maior problema, e assim, também, um melhoramento do seu tecido social.
Estaríamos pois, perante um País muitíssimo mais equilibrado, com uma cada vez maior sustentabilidade e com índices de crescimento superiores.
E tudo isto, com base no desenvolvimento do nosso atrasado sistema ferroviário, que teima em continuar um verdadeiro, “pouca-terra, pouca terra, buu buu”

5 de setembro de 2009

Banda Sonora política (#1)

Vou dar início, neste meu humilde espaço, a uma banda sonora dedicada aos nossos ilustres políticos.
Dedico este 1º tema, por razões obvias, ao nosso 1º Ministro José Sócrates.
Se não soubesse que o grande Jorge Palma tinha escrito este tema há uns valentes anos atrás, diria mesmo que esta letra poderia ser o excerto duma conversa, tida ontem á noite, após o Jornal da Noite da TVI, entre José Sócrates e o seu "homem de campo" Pedro Silva Pereira.



4 de setembro de 2009

Obrigado Ponte de Sôr, o País agradece.

Felizmente que, aqui e ali, vão surgindo bons exemplos daquilo que urge ser feito em Portugal ao nível da Educação e Cultura.
Mais uma vez, é através de uma iniciativa do poder local que a obra surge.
Estou a referir-me ao excelente projecto “Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sôr/ Centrum 7Sóis7Luas”, que será inaugurado amanhã em Ponte de Sôr.
Este centro foi construído na antiga Fábrica do Arroz, ocupa um espaço de 10.000m2, e tem como objectivo ser um espaço multidisciplinar de âmbito cultural.
Para o efeito, esta infra-estrutura albergará, auditório, anfiteatro, oito ateliers, cinco salas de exposição e um espaço verde com jardins móveis do Arquitecto Leonel Moura.
Contará ainda com espaços para residência temporária de artistas, á imagem do que já acontece em vários países Europeus, onde a preocupação com a cultura assume particular importância. A infra-estrutura compreende também diversos serviços dedicados à cultura, arte contemporânea, passando por áreas como o teatro, a dança, a pintura, a escultura e a fotografia.
Muito importante pareceu-me ser também o comentário do Presidente da Câmara de Ponte de Sôr, João Taveira Pinto, ao afirmar que pretende “que o projecto constitua uma tentativa de interacção do espaço cultural com as escolas do concelho, através da realização de workshops direccionados para as crianças, servindo como ferramenta para que comecem a perceber desde muito cedo a importância da cultura nas suas vidas”.
A obra está feita, as ideias estão lançadas, compete agora aos responsáveis e respectivos colaboradores o cumprimento dos propósitos que estiveram na origem deste projecto.
Mas mais importante ainda, compete á população em geral, e á de Ponte de Sôr em particular, o pleno usufruto desta infra-estrutura por forma a que a Educação e a Cultura se constituam como os pilares das futuras gerações.

1 de setembro de 2009

Desenrascanço,

a palavra que os ingleses queriam ter.

Um site norte-americano fez uma lista das 10 palavras estrangeiras que mais falta fazem à língua inglesa. A palavra portuguesa "desenrascanço" é a que lidera.

"Bakku-shan" é a palavra usada pelos japoneses quando se querem referir a uma rapariga bonita, vista de costas.
"Nunchi" é outra das palavras escolhidas. É coreana e é usada para falar de alguém que fala sempre do assunto errado, um género de desbocado ou inconveniente.
"Tingo" é uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e significa pedir emprestado a um amigo até o deixar sem nada.
A lista das "10 palavras estrangeiras mais fixes que a língua inglesa devia ter" é liderada pela palavra portuguesa "desenrascanço". Esta é a expressão que, segundo os autores do site norte-americano, mais falta faz ao vocabulário inglês. http://www.cracked.com/article_17251_p2.html
Depois de percorrer duas páginas com explicações das nove palavras estrangeiras mais fixes, chega-se ao número 1. A falta da cedilha não importa para se perceber que estamos a falar do "desenrascanço", tão típico da nossa cultura.
"Desenrascanco: a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios", explica o site dando como exemplo a célebre personagem de uma série de televisão MacGyver.
"O que é interessante sobre o desenrascanco - a palavra portuguesa para estas soluções de último minuto - é o que ela revela sobre essa cultura".
"Enquanto a maioria de nós [norte-americanos] crescemos sob o lema dos escuteiros 'sempre preparados', os portugueses fazem exactamente o contrário", prosseguem os autores.
"Conseguir uma improvisação de última hora que, não se sabe bem como, mas funciona, é o que eles [portugueses] consideram como uma das aptidões mais valiosas: até a ensinam na universidade e nas forças armadas. Eles acreditam que esta capacidade tem sido a chave da sua sobrevivência durante séculos". "E não se ria: a uma dada altura eles conseguiram construir um império que se estendeu do Brasil às Filipinas" à custa do desenrascanço, sublinham os autores, terminando o texto:

"Que se lixe a preparação. Eles têm desenrascanco", termina o artigo.