19 de julho de 2010

CPLP, Guiné Equatorial e Ana Gomes.

A ideia base que presidiu à formação da CPLP foi a de criar uma Comunidade que reunisse os países de Língua Portuguesa. Esta Comunidade visaria depois um conjunto de objectivos político-diplomáticos, bem como de cooperação em vários sectores, como os da educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social.
Não me parece correcta a eventual adesão da Guiné Equatorial à CPLP uma vez que, apesar das ligações históricas entre Portugal e a Guiné Equatorial, a verdade é que este não é um país onde a Língua Portuguesa tenha sido uma constante na sua história, muito menos, um país onde o Português tenha sido, desde sempre, a sua língua oficial. A presença Portuguesa no território da actual Guiné Equatorial, nomeadamente nas Ilhas Bioko, Ano Bom e Corisco remonta ao ano de 1471. Portugal manteve sob o seu domínio este território até 1778, ano em que, após os Tratados de Ildefonso e do Pardo, as mesmas passaram a ser do domínio Espanhol.
Penso que esta seja razão suficiente para justificar a não entrada da Guiné Equatorial na CPLP, não concordando nada, com as razões políticas que a Eurodeputada Ana Gomes apresentou.
Não que me admire com o conteúdo e/ou forma das razões por ela apresentadas, uma vez que as atitudes desbragadas, desabridas e porque não dizer, histéricas, como apresenta os seus argumentos são já a sua imagem de marca.
Mas a uma Eurodeputada exigia-se um pouco mais. Um pouco mais de nível, um pouco mais de conhecimentos, em suma, um pouco mais de cultura.
Alegar razões eminentemente politicas para a não adesão da Guiné Equatorial à CPLP é, no fundo, politizar em demasia uma Comunidade que, não deixando de ser política, tem acima de tudo uma génese cultural assente na Língua Portuguesa. Eu compreendo que a Dra. Ana Gomes tente puxar tudo para a esfera dos jogos de poder da política, pois é aí, nesse lodaçal, que ela conseguiu fazer carreira. 
A Dra. Ana Gomes entende que a Guiné Equatorial jamais deverá fazer parte da CPLP porque se trata duma tentativa do seu actual Presidente (Theodore Obiang) de legitimar uma brutal ditadura.
Não nego que o seja, mas não concordo é que este motivo, estritamente político, seja a razão que deva presidir á não adesão da Guiné Equatorial à CPLP, mas sim, o facto do Português não ser a sua língua oficial.
Se a preocupação da Dra. Ana Gomes relativamente ao facto da falta de Democracia ser o principal motivo para um país não pertencer à CPLP, então, estranho o seu silêncio quando a CPLP foi criada e na Guiné Bissau pontificava um Presidente de seu nome, Nino Vieira.
Ou melhor ainda, porque é ainda mais actual, estranho que a Dra. Ana Gomes nunca se tenha insurgido com a presença de Angola na CPLP, uma vez que a Presidência de José Eduardo dos Santos não é, como todos sabemos, um exemplo vivo de efectiva Democracia.
Ou será que aqui, neste último caso, a Dra. Ana Gomes não possa vir, mais uma vez, descabelar-se em frente às câmaras de televisão, com receio que as fortes influências que José Eduardo dos Santos tem sobre o actual Governo Português (por acaso do PS !) possam pôr fim a sua "brilhante" carreira política ?

2 comentários:

  1. As razões políticas que a deputada apresentou só são comparáveis com a ânsia da CPLP de deitar mão aos recursos naturais da Guiné E. Ou seja, jogadas de bastidores que em nada dignificam a política.

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  2. Dylan, não deixará de ter razão nessa sua abordagem, também.
    É a trsite realidade do tal lodaçal político a que me refiro no post.

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