21 de julho de 2010

Ei-los de volta.

Acordei com um mau estar tremendo, uma sensação de tristeza profunda, de perda, de angústia. Deixei-me ficar deitado, tentando lembrar-me de algo que por ventura explicasse tamanho mau estar. Não me ocorreu nada.
A meu lado, a minha mulher dormia profundamente, com aquele semblante lindo, sereno, pelo qual me apaixonei há uma vintena de anos. Levantei-me e espreitei o quarto do miúdo, também ele dormia o sono dos justos, tudo tranquilo, portanto. Fui à cozinha beber o meu matinal copo de água, pouco passava das 6 da manhã e o sol prenunciava mais um esplendoroso dia de Verão, o céu azul estava salpicado aqui e ali por umas branquíssimas nuvens "borreguinhas". Lá fora, a habitual orquestra dos melros e das rolas embalava mais uma manhã encantadora.
Que raio ! tudo perfeito e eu com esta tristeza, com este nó na garganta, porquê ? porquê ?
Decidi tomar um banho prolongado e relaxante. Costuma funcionar comigo, dispõe-me bem.
Soube-me bem, mas não melhorou o meu estado.
Pus o pão na torradeira e espremi umas laranjas para o sumo. Sentei-me á mesa para tomar o pequeno-almoço e, instintivamente, liguei a televisão. Enquanto comia, as notícias passavam em som de fundo sem que eu lhes prestasse grande atenção. Estava longe, absorto nos meus pensamentos.
De súbito, duas palavras ditas pela jornalista disparam o alarme, ligam-me à terra e fazem luz sobre o meu estado.
Já ontem aquilo me perturbara profundamente, mas o meu subconsciente como que havia apagado, naquela manhã, aquela informação que tanto me perturbava e me entristecia até à medula. Mas agora, elas aí estavam, de novo, a acordar-me para a triste realidade.
Estava encontrada a razão para o meu estado, havia de facto um motivo atendível para tamanha tristeza, para tamanha angustia.
Passados 36 anos eles estavam de volta, vivos, e cheios de força.

6 comentários:

  1. Não que acompanhe o assunto com grande atenção, mas o facto de serem necessários 2/3 para alterar a constituição, no caso, faz com que tudo isto me pareça muito estranho; há qualquer coisa que não bate certo.
    Mais: num país em que a precariedade é vulgar, dar esta prenda a certos "patrões"...

    De resto, o teu texto está estupendo.

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  2. Paulo, de facto sob o ponto de vista da estratégia política esta atitude é no mínimo estranha.
    Das duas uma, ou há de facto alguma jogada de bastidores, que até ao momento não se consegue vislumbrar, ou então, as mais altas instâncias do actual PSD não conseguem mais esconder o seu liberalismo selvagem ... isto para não lhe chamar ... fascismo !
    Uma coisa me parece certa, o PSD anulou qualquer possibilidade de ser governo. Isto se houver ainda alguma réstia de inteligência política neste Povo.
    Mais uma vez não posso deixar de pensar nas voltas que Franscisco Sá Carneiro estará a dar no seu túmulo. Este não é o PPD-PSD que ele fundou, longe disso !

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  3. Discordo. O Fascismo já está aí e em força há muito por via das múltiplas violações de uma Constituição que garante muito pouco de nela se lavrou. Sabes perfeitamente que o Povo conta muito pouco em face dos interesses instalados da Plutocracia aos quais se subordinam os "eleitos" e a sua desonestidade elementar.

    Aliás, convém sobremaneira aos socialistas-fascistas 'entreter o pagode' enquanto executam um programa hiperliberal para o que não faltam vergonhosos exemplos.

    Tenho acordado demasiadas vezes assim sabendo perfeitamente o gado impotente que somos, enquanto Povo enganado e explorado.

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  4. Compreendo bem o teu ponto de vista, Joshua.
    Aliás, várias foram as vezes que eu próprio já cataloguei os últimos governos socialistas-socráticos como sendo fascitas, ditaturiais (Ex: http://chegateaqui.blogspot.com/2010/05/heil-socrates.html).
    O que me pôs ainda mais deprimido nesta questão do PSD, prende-se com a forma despudorada como estes assumiram o seu fascismo, assumindo mesmo uma postura que raia o desafio e a afronta.
    Se calhar, umas porradas nos cornos do Passos Coelho aí num canto escuro enquanto ia para casa, não sendo democrático, era justo e fazia-lhe falta.

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  5. Sabes, há alturas em que ficamos sem palavras porque a revolta as abafa.
    Esse é o meu sentimento. Sem mais palavras!
    Abraço.

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  6. Teresa, cada um de nós sofre à sua maneira, uns em silêncio, outros barafustando, mas todos, sem excepção, devemos reclamar e mostrar o nosso descontentamento da mesma forma ... votando contra este canalhedo !

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