9 de agosto de 2010

Incêndios resultam (também) de incorrecta florestação.

Os anos passam, os incêndios continuam e a nossa floresta morre, a uma velocidade preocupante.
Aumentaram as equipas de vigia florestal, gastaram-se milhares e milhares de Euros em mais meios de combate aos incêndios, melhorou-se a formação dos nossos valorosos bombeiros, mas tudo isso se revela insuficiente e incapaz de inverter o rumo catastrófico a que assistimos.
E tudo se irá repetir, ano após ano, enquanto se tentar combater o problema a jusante, porque a verdadeira chave da solução está a montante, e aí nada se tem feito para solucionar o problema.
E a montante o que é que temos ?
Temos uma incorrecta florestação do nosso território, onde proliferam, cada vez mais, vastas áreas de Pinhal e, acima de tudo, Eucaliptal, que são autênticos fósforos prontos a serem riscados e incendiados.
São os interesses económicos imediatos que ditaram e ditam leis nesta matéria, e enquanto assim for, continuaremos a assistir a este cenário de destruição da nossa floresta.
A verdadeira e natural floresta Portuguesa, aquela que povoava o nosso território antes da intervenção humana desregrada, era constituída essencialmente pelas florestas de Sobro e Azinho, em especial a Sul do território, enquanto a Norte se verificava, para além das zonas florestais de Sobro e Azinho,  vastas zonas de Castanheiros.
Em suma, tínhamos a norte florestas compostas de árvores de folha caduca, enquanto no sul pontificavam as florestas de árvores de folha perene.
Os Pinhais existiam sim, mas eram restritos á zona da península de Setúbal. E os Eucaliptais nem sequer existiam, tendo surgido apenas no Séc.XX para alimentar a industria de produção de pasta de papel.
Com a descaracterização da nossa mancha florestal, potenciaram-se os incêndios bem como outros problemas igualmente preocupantes e muito pouco divulgados, como são o caso do aceleramento do processo de desertificação do nosso território, e ainda a destruição dos aquíferos e também dos lençois freáticos.
Tanto a floresta de Sobro e Azinho, bem como a floresta de Carvalho, são muito mais resistentes ao fogo que as zonas de Pinhal e Eucaliptal que, para além disso, se revelam verdadeiros sorvedouros de água.
Já ia sendo tempo para que, quem de direito, tomasse as medidas necessárias no sentido de travar este processo de auto-destruição da nossa floresta.
Até lá, resta-nos chorar a destruição da nossa floresta, e o desmesurado dispêndio de meios humanos e financeiros no combate aos fogos.

6 comentários:

  1. É devastador o que se está a passar no nosso país. Hoje em Famalicão passou uma nuvem escura, parecia que o tempo a mudar, mas afinal era de fumo...
    As imagens na TV mostram o inferno. Os bombeiros estão exaustos. Os meios não chegam. E o pior de tudo é que já custaram vidas desses heróis que são os bombeiros. E duma menina da idade da minha mais velha... 21 anos, na flor da idade. Os meus sinceros votos de pesar para a família da Cristiana Josefa. Uma heroína e uma vítima. Muito triste.

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  2. Concordo plenamente com o seu juízo sobre a prevenção! Os incêndios sucedem-se há anos e nada parece ser feito...Estranho, não há quem pense e age no sentido dos impedir de algum modo?
    Na realidade, é uma enorme desolação ver o nosso país a arder. Ver a Natureza a ser tragada. Ver gente a morrrer.
    Indigna-me muito esta situação.
    Parabéns pelo bom texto. Jinhos

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  3. Manuela, são tristezas atrás de tristezas. A tristeza de ver gente inocente e que nos tenta defender deste flagelo a morrer, a tristeza de ver a nossa floresta desaparecer a um ritmo assustador, a tristeza de ver que este (como muitos outros) problemas não são abordados e tratados convenientemente pelos sucessivos governos, enfim ... tristeza !

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  4. Pois é Banalidades, as soluções não surgem, seja por inépcia, seja por interesse (não sei qual delas será pior ?) e a verdade é que quem perde somos todos nós, Portugueses em particular, e o planeta em geral que tanto precisa que se preserve o nosso ambiente.

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  5. Anónimo14/8/10

    Eduardo, o abandono do terrirório rural tem sido um factor muito importante para o agravamento do problema; por exemplo, no passado, as hortas cultivadas serviam como zonas de corta-fogo e travavam a progressäo dos incêndios, hoje todo o território está em risco e isso faz com que em muitas situacöes os meios näo sejam suficientes.
    A política do imediato conduziu-nos até aqui...
    um abraco
    Paulo Lobato

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  6. Paulo, o factor que apontas (abandono do território rural) é também outro dos factores potenciadores do elevado número de incêndios a que assistimos.
    Obviamente que, quando temos incêndios que começam às 2 da manhã em zonas de floresta densa e sem fontes de ignição natural por perto, todos sabemos que se trata de mão criminosa, e quando assim é, não há como evitar.

    p.s.
    grandes obras no Foguetório, não ?
    Para quando a reabertura ?

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