11 de maio de 2011

Geração Tacho

Após a adesão de Portugal à EU, o país conheceu efectivamente uma época de (aparente) crescimento, aumentaram os empregos, aumentaram os ordenados, e paralelamente aumentaram os tão propalados “tachos”.
O dinheiro dos subsídios corria livre e a bom ritmo, e os “boys” foram-se instalando e disseminando a sua presença no tecido empresarial nacional, fosse no Estado, fosse no sector privado.
Durante quase 30 anos as empresas cresceram, não tanto pela boa gestão, mais pela facilidade com que as mesmas acediam a créditos que camuflavam as más práticas de gestão.
Nessas más práticas de gestão, destaco o “factor-cunha” o “apadrinhanço”, vulgo “o tacho” que é hoje, a meu ver, o maior cancro do nosso tecido empresarial.
Ao longo destes quase 30 anos a generalidade das empresas funcionou em moldes que vão contra as mais básicas regras de boa gestão, invertendo a pirâmide hierárquica e chegando ao ridículo de, em boa parte delas, o número de chefias ser superior ao número de chefiados.
As coisas foram funcionando por dois motivos.
O primeiro, já aqui enunciei, assentava na facilidade dos créditos que permitiam desafogo de tesouraria.
O segundo motivo, assentava na existência de pelo menos um “carolas” por equipa de trabalho que ia fazendo a máquina andar. Estes carolas foram subsistindo até muito recentemente, ora movidos pelo gosto pessoal de aprenderem e evoluírem, ora movidos por umas “migalhas” que lhes iam sendo atiradas na forma de prémios anuais de produtividade, mas que hoje se sabe, eram sempre valores na ordem dos 10%, ou menos, daquilo que os “entachados” recebiam, através da exploração do trabalho dos “carolas”.
Acontece que esses “carolas” estão hoje todos na casa dos quarenta e muitos anos, cinquenta anos, cansados, desgastados e revoltados com o estado das coisas, decidiram agora, na sua esmagadora maioria, cruzar braços e deixar “correr o marfim”.
Esta situação é notória em praticamente todos os sectores, e daqui advém aquele que eu considero ser o maior motivo de preocupação para a retomada que se pretende para o país.
A força motriz que ia fazendo a máquina andar, desacelerou, e nalguns casos parou mesmo, e com isso o país está em nítida desaceleração produtiva.
As gerações mais novas que temos agora no mercado de trabalho, e que têm entre os vinte e os trinta e poucos anos, já cresceu habituada ao “tacho” e visando quase sempre, não a sua evolução pelo saber, pelo conhecimento, mas sim pelo “esquema”, pelo “tacho”, e são, por força disso, gerações sem capacidade de resposta imediata para fazerem a máquina arrancar a pleno vapor.
E este é, para mim, um dos maiores motivos de preocupação em relação ao futuro de Portugal.
Esta política de “tachismo” criou (pelo menos) duas gerações que, na sua esmagadora maíoria, é compsota de “tacho-dependentes” desprovidos do know-how adequado que se exige para fazer avançar o país no sentido em que ele precisa avançar.
Preocupa-me muito saber quem é que vai ser Governo a partir de dia 5, mas começa a preocupa-me mais ainda saber quem é que vai fazer o país produzir ?

18 comentários:

  1. pensámos que estava tudo resolvido, pertencer à UE e ao € era suficiente. Podiamos descansar à sombra da bananeira que a organização arrastava-nos e lá iamos na corrente europeia. Um pouco como a cigarra e a formiga.

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  2. Pois é Patrício, quem pensou assim, pensou mal e enganou-se ... redondamente !

    Obviamente que naquilo que escrevi, acabei por generalizar, isto é, tenho eu, e terão muitos de nós, expectativa que, de entre aqueles que apesar de pertencerem em termos etários ao que denominei de Geração Tacho surgirão mentes/personalidades capazes de mobilizarem os demais e conseguirem inverter o rumo das coisas.

    Já assim foi noutras ocasiões, mas a verdade é que a letargia não estava tão disseminada como agora.
    Desta vez será, seguramente, mais complicado.

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  3. Generalizas-te mas não deixas de ter razão. Ficou apenas por dizer, que os jovens que poderiam ter préstimo e serem uma mais valia para o País, emigram. Esses que não alinham na cunha, vão embora. Os nossos "cérebros" empreenderam uma debandada em massa para um sítio onde possam ser úteis e ter um bom feed back dos seus esforços. Estamos a assistir à maior debandada de emigrantes qualificados que alguma vez na História de Portugal aconteceu. Cá ficam os doutores que foram obrigados a sê-lo por força de não existir ensino técnico qualificado e por outro lado, sem estes últimos (técnicos) por quase não existirem. Quanto ao tachismo, quando o exemplo vem de cima e tem tanto tempo para disseminar... torna-se uma praga. É o que acontece e muitos dos que berram contra isso, estão nessas condições Edu! Sacodem a água do capote dizendo dos outros. É a projecção da psicologia. Vai ver esses blogues politiqueiros e quase todos andam a mamar... e a dizer mal dos outros.
    Tirando este àparte deixo-te aqui um artigo que demonstra como o centro fulcral do cancro vem de cima e pelos vistos é para ficar.
    Depois de ter ouvido dizer que Sócrates foi eleito Representante do PS apenas por 20% dos militantes e que todos os outros se abstiveram, sem fazer o mínimo ruído sobre o assunto, eu logo vi que havia trama e da grossa. Claro que sim e Soares está por trás.

    Há 2 milhões de processos pendentes em tribunal. Troika manda acabar com eles em dois anos.
    Entrevista a Poul Thomsen.
    "Governo convenceu Troika a tirar a liquidação do BPN".
    Finalmente!, as medidas impostas do exterior ao “Governo português” vão obrigar a resolver o processo do envolvimento do actual 1º ministro no caso de corrupção por suborno para a construção do Freeport; E (não esquecendo o Portucale do BES/CDS) vai igualmente condenar os responsáveis pelo escândalo da fraude financeira que envolveu responsáveis do PSD com funções ao mais alto nível do Estado e pôs Portugal à beira da Bancarrota. Encobrimento com encobrimento se paga, “troika queria a falência do BPN mas Sócrates segurou o banco” (Público 6 de Maio pag. 8). O grande conglomerado PS e PSD tem boas razões para se conluiar num acordo clandestino para tentarem os dois juntos e “um contra o outro” ludribiar o povo. E, ao que se sabe, quem anda a concertar esse acordo pelos bastidores é um clássico: o Botas democrático Mário Soares.


    os “Programas de governo” dos traidores

    Com as despesas todas pagas pelo PSD um grupo de expertos ligados ao neoliberalismo – o movimento Mais Democracia com Catroga, o ex-ministro das finanças de Cavaco Silva à cabeça – anda há meses a congeminar um programa eleitoral e concluíram que quando lá chegarem (se chegarem) vão querer “aproveitar a crise para mudar radicalmente as estruturas do Estado”. Hoje em dia quem queira saber as linhas com que nos vão cozer tem de ler a imprensa estrangeira – e assim se soube que os do PSD são mais papistas que o Papa: a direita de Passos Coelho/PSD-CDS propõem reformas mais drásticas que o próprio FMI. O professor Marcelo diz na TVI que "é preciso explicar que o programa do PSD tem dimensão social (outra refinada aldrabice). O ministro do governo diz "não acho que o FMI seja neoliberal". Por esse outro lado, ou seja, pelo mesmo lado o programa eleitoral do Partido dito “Socialista” puxa dos galões na aldrabice crónica institucional enviando à comunicação social o ministro da psicologia Augusto Santos Silva com o recado que “a Troika não pode impor medidas que violem a Constituição” (Jornal de Negócios 29 de Abril pag. 44) quando afinal o FMI-EU-BCE vieram dizer quando divulgaram o memorando que “certos aspectos da Constituição terão de ser mudados para que os objectivos do programa possam ser cumpridos”
    Fonte:http://xatoo.blogspot.com/

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  4. Mais uma interessante análise.
    Parabéns.

    Um abraço.

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  5. Ora aqui está algo que eu subscrevo(safa!).

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  6. Desculpa o meu largo comentário, que pelos vistos até assustou os outros comentadores, como o Paulo que também levou com isto em cima!... mas é bom espalhar por aí o que se está a passar! Continuo a mesma de sempre... só alarde! :))
    Errata: Generalizaste

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  7. Fada, não és nada "larga" de comentários, porque a tua opinião é sempre bem vinda e ajuda-nos a todos a ver e a pensar nos assuntos pela tua perspectiva.

    As saudades que eu tinha de tu andares por aqui, rapariga !

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  8. Ó Paulo, isto não pode ser sempre a "marrar" um com o outro, até porque, ou muito me engano ou o nosso objectivo final para o país, para a sociedade, a forma como vemos e desejamos ver este país, são muito, mas mesmo muito, próximas.
    As nossas (saudáveis) divergências surgem na forma, no caminho, que cada um de nós entende ser o mais correcto para o alcance do objectivo final que nos move.

    Estarei enganado ?

    Não me parece.

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  9. Fernando, ainda bem que gostaste.
    Depois de ter postado isto, e de o ter lido 2 ou 3 vezes, pensei que ia ser "apedrejado" por estar aqui a criar um conflito geracional, mas pelos vistos o pessoal entendeu bem a minha mensagem e percebeu que não se tratava disso.
    Antes pelo contrário.
    Pena tenho eu destas gerações a que me refiro terem sido manietadas da forma que foram e de enfrentarem agora ainda mais dificuldades do que aquelas que, por exemplo, a minha geração teve de enfrentar.

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  10. o peso do estado na economia é enorme e na maioria em instituições que não rendem, não produzem.
    Só em ordenados, vencimentos e premios de gestores (os tachos)das centenas de empresas publicas/municipais que são pura tralha, devem ser gastos muitas centenas de milhões.
    Os vicios entranham-se e são dificeis de extirpar. A clientela partidaria que é beneficiada não vai facilmente deixar extinguir essa tralha não produtiva, que só é uma hemorragia de dinheiro.
    O PSD ainda é mais sinistro que o PS. Há uma direcção sombra do partido e o seu lider cumpre ordens.
    Mas o PS pouco melhor é.

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  11. Eduardo, muito obrigada pela tua simpatia! Eu também tinha saudades!:)

    Patrício... Grande comentário! Estou plenamente de acordo. Espero que o Edu não se chateie de lhe responder... mas realmente sabe muito, o Patrício.
    Uma coisa de que desconfio é de quem está na sombra do PSD... o sócio nº1, Pinto Balsemão, President of a European Publisher Council e membro Bilderberg. Controla toda a Informação em Portugal e pelo que ouvi, através da sua "Arma" os Media ou Imprensa, escolhe que vai ser o PR ou PM do País, impôs um index para jornalistas e por isso a desinformação é o que é... quero crer que é ele quem age na sombra... da escolha dos portugueses, quando tal se torna possível. Neste momento há uma brecha e ele está ao ataque...
    Estarei errada?

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  12. AH esqueci-me do Durão! isto é uma pandilha no Bloco Central que até assusta. Bem pior que a Máfia italiana.

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  13. Fada, chatear-me ?
    Essa agora !
    Continuem, continuem que é assim que eu gosto.

    O "Ti Balsemão" é um dos maiores manobradores de marionetas que este país viu.
    E mais não digo ...

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  14. Absolutamente certo, Eduardo.

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  15. Quem cada vez aparece com mais autoridade no PSD é eduardo catroga, vê-se que é ele quem controla, é a face visivel da direcção sombra do partido.
    Pasos coelho parece ter cada vez menos autoridade, embora legalmente seja o presidente do partido.
    Ontem, entrevistado na televisão, depois do debate eleitoras socrates louçã, catroga empregou uma palavra nova nas campanhas eleitorais, peço desculpa de a repetir, mas foi ele quem a disse, "pentelho", referindo-se depreciativamente a um aspecto do programa do partido rival. Para dizer a verdade, fiquei chocado com o uso ofensivo e arrogante em publico da palavra contra um adversario politico.
    Vamos de melhor a pior.

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  16. Caro Patrício, não tive o desprazer de ouvir tal atoarda.
    Quando um agente político desce o seu discurso ao nível do vernáculo, por norma é sinal claro e evidente de vazio argumental.
    O que no caso dos dois partidos envolvidos, não constitui surpresa.
    Não tarda teremos resposta adequada por parte do PS, quem sabe se no formato duns corninhos “á lá Pinho” !

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  17. Foi mesmo azar... limpou os comentários quase todos e ficou o meu!... 6ª feira 13... como diz o outro? Será?!

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  18. Fada :-)))
    Isto é que foi cá um espalhanço da malta do Blogger !

    Foi pena, pois estava aqui uma cavaqueira animada.

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