19 de maio de 2011

Willkommen in Portugal.

Nunca como agora me pareceu tão oportuno que o Governo Português gastasse algum dinheiro do seu (parco) orçamento numa visita de Estado.
Não ! não os quero pôr a voar daqui para fora, ou por outra .. até quero, mas não assim.
Proponho que o Governo Português se disponha a custear uma visita do Estado Alemão ao nosso país.
E se não for pedir muito, gostaria que me contratassem como cicerone dessa visita da Sra. Merkel a Portugal. Não cobrarei nada, e acreditem, simpatia, conhecimento profundo do nosso território e do nosso tecido social não me faltam.
A visita, com o intuito de mostrar o Portugal real à Sra. Merkel, começaria logo dentro do aeroporto, onde teríamos oportunidade de mostrar à Sra. Merkel as condições, em termos de meios físicos, horários e contrato de trabalho precário, em que trabalham os funcionários de terra nos nossos aeroportos, e o salário que recebem comparado com os seus colegas de profissão Alemães.
Seguiríamos para um típico restaurante Português, onde a Sra. Merkel poderia degustar a nossa bela gastronomia e também constatar que o típico empregado de mesa Luso, de calcinha preta e camisinha branca, apesar de trabalhar 9 a 10 horas por dia e receber por isso ordenado mínimo nacional, supera, e de que maneira, em termos de simpatia e bem servir, o sisudo empregado de mesa Alemão que, nalguns dos casos, ganha mais por mês que o dono do restaurante Português onde ela se encontra.
Durante a tarde, e para ajudar à digestão, a comitiva seguiria rumo ao interior do país, visitando uma (das poucas que a UE ainda não nos encerrou) unidade agrícola da região. Aí, a Sra. Merkel poderia constatar in-loco o que é trabalhar num horário de “sol-a-sol” e muitas vezes sob um abrasador sol de 40º, e tornar a receber ordenado mínimo nacional.
Quando fossem por volta das 19 horas, levaria a Sra. Merkel num périplo pelas instalações dos serviços centrais de alguns dos nossos Bancos e Seguradoras. Assim, a Sra. Merkel entenderia muito melhor o termo “trabalho extra não remunerado”.
O Jantar seria servido a bordo duma (das poucas que a UE ainda não mandou abater) traineira Portuguesa, para que a Sra. Merkel pudesse sentir o que é ser pescador em Portugal e não ter ordenado garantido e poucas ou nenhumas ajudas do Estado, neste que deveria ser um dos sectores mais protegidos do país. Talvez assim desse mais valor ao sarguinho fresco que comeu ao almoço, servida pelo tal indivíduo de calça preta e camisa branca.
De madrugada, e de volta a terra, levaria a Sra. Merkel num giro da nossa PSP ou GNR por um dos muitos bairros problemáticos, assim, teria oportunidade de fazer um verdadeiro 2 em 1, ou seja, podia ver as magníficas condições em que trabalham as nossas forças de segurança, bem como, verificar in-loco como (sobre)vive a maioria dos trabalhadores da construção civil em Portugal.
Tinha pensado servir-lhe o pequeno-almoço numa das cantinas das fábricas de calçado Portuguesas, mas infelizmente o patrão encerrou a cantina, justificando-se com a necessidade imperiosa de redução de custos.
Queria mostrar-lhe mais coisas, mas depois do pequeno-almoço a Sra. Merkel pediu-me que a levasse de volta ao aeroporto.

Confessou-me, em surdina, que depois do que viu queria meter pelo menos 22 dias férias e que quando regressasse se reformaria, tivesse ou não idade para isso !

Coitada da Sra. !

p.s. (isto dos ps's começa a tornar-se um perigoso hábito por aqui)
A Sra. Merkel insistiu que não queria prendas nenhumas, mas não resisti a esconder-lhe na mala de mão um exemplar da nossa bela loiça das Caldas.
Aquelas férias vão ser cá um regabofe !!!

8 comentários:

  1. lol Muito bom. Quase que parece ficção...lol

    Em relação a senhora...Tenho dúvidas: será uma ela ou duas?

    Mas que é a cara da Alemanha é...

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  2. M.

    Duas ? como assim ?

    É de facto a cara da Alemanha, se bem que há Alemãs com muito melhor cara ... felizmente :-))))

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  3. Muito bom.
    Continua a escrever coisas destas - e, por favor, não acabes com o p.s. (o teu, é claro...) que é brilhante.

    Um abraço.

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  4. Haja imaginação e saem textos muito oportunos e e ricos da nossa realidade diária.
    Parabéns por tudo, mas principalmente por teres vontade de lhes mostrar a nossa realidade. Aquilo que Eles teimam em desconhecer.

    Eduardo, eu continuarei a escrever como aprendi e ninguém me vai obrigar a escrever como eles entendem. = história = Jamais estória
    Se não fossem "tã burros"...este país nunca se teria afundado desta maneira.

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  5. Obrigado Fernando, fico então, se não te importares, com o duplo compromisso de, por um lado não acabar com o meu ps, mas por outro, tudo fazer para acabar com o outro !

    Bom fds

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  6. Luís, perante o actual cenário, imaginação é coisa que não nos pode faltar.

    Eu até deixo aqui o apelo para que as pessoas tenham alguma imaginação no próximo dia 5, e deixem de repetir os velhos hábitos de voto !

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  7. Natural.Origin, bem vindo !

    Namastê.

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