Entra-se e sente-se o peso desmesurado a espalmar-nos contra um chão sujo, não pelo aspecto higiénico, mas pelos passos de gente suja que o pisa.
O ar é irrespirável, sulfuroso, e parece não se mover há décadas.
É como se o ar fosse o elemento contaminador de tudo, como se fosse ele que descaracteriza as personalidades que o inalam e exalam vezes sem conta, o mesmo ar, vezes sem conta, dentro e fora, dentro e fora.
Aquele ar já passou pelas entranhas de todos, a cada inalação é como se sentíssemos as entranhas deste e daquele a espalharem-se por nós dentro.
É nojento, é angustiante, pior que isso é triste, muito muito triste.
É uma tristeza que vem de dentro, não é algo visível, palpável, não é como ver um amigo ou ente querido morto, é pior, é sentir que somos nós que estamos mortos, mortos por dentro, e pior que tudo isso, sem direito ao descanso que os mortos têm.
Ser morto sem sossego e ter de viver morto com os olhos abertos e sentir tudo isto é tortuoso, é indigno e é a pior forma de morrer vivendo.
O ar é irrespirável, sulfuroso, e parece não se mover há décadas.
É como se o ar fosse o elemento contaminador de tudo, como se fosse ele que descaracteriza as personalidades que o inalam e exalam vezes sem conta, o mesmo ar, vezes sem conta, dentro e fora, dentro e fora.
Aquele ar já passou pelas entranhas de todos, a cada inalação é como se sentíssemos as entranhas deste e daquele a espalharem-se por nós dentro.
É nojento, é angustiante, pior que isso é triste, muito muito triste.
É uma tristeza que vem de dentro, não é algo visível, palpável, não é como ver um amigo ou ente querido morto, é pior, é sentir que somos nós que estamos mortos, mortos por dentro, e pior que tudo isso, sem direito ao descanso que os mortos têm.
Ser morto sem sossego e ter de viver morto com os olhos abertos e sentir tudo isto é tortuoso, é indigno e é a pior forma de morrer vivendo.
Bom texto, Eduardo.
ResponderEliminarMeu caro amigo, não fosse a família (a tua) e perguntava-te se nunca pensaste em juntar-te aos pobres :)
ResponderEliminarEduardo, já aqui vim antes ler o texto e fiquei sem palavras para comentar. Continuo na mesma. Mas vou tentar: excelente texto, duma emotividade e tristeza quase transcendente, e que espero sinceramente não traduza realmente o que sente.
ResponderEliminarPaulo, obrigado pelo elogio.
ResponderEliminarRui, vindo de ti, fico até encavacado. Obrigado
amigo.
Benjamina, muito obrigado pelas palavras elogiosas. Por natureza até sou um grandessíssimo bem disposto e laracheiro, mas todos temos os nossos momentos e situações de maior triseza e introspecção, não é ?
Nem sei o que dizer Eduardo... é que sinto exactamente o mesmo e nunca o conseguiria exprimir tão bem...
ResponderEliminarÉ um coma tortuoso. Tenho apenas uma luz ao fundo do túnel, que possa ajudar a saír deste lamaçal, mas muito, muito ténue. :(
Fada, termos momentos de tristeza toca-nos a todos, o truque não está em eliminá-los, mas sim em contorná-los.
ResponderEliminarQuem tem um dom e uma sensibilidade para fabricar obras de arte como as que você apresenta na sua oficina, quem tem, como já a ouvi dizer por ai, um marido maravilhoso, quem tem uma vista como aquela que vejo pela janela por detrás da cómoda restaurada, quem tem a vivacidade e a força de escrever o que você escreve, não está seguramente em coma.
Pode pensar que está, mas efectivamente não está.
E se vê uma luz, ténue, só tem de abrir o postigo, vai ver que se torna num clarão.
Obrigada Eduardo por tão motivantes palavras.
ResponderEliminarObrigada Eduardo pelo bem que me fez!
Obrigada por ser como é.
Obrigada por haver Homens como o Eduardo!
Um abraço sentido. :)
Amigo EDUARDO não lhe posso exigir que esteja sempre aquele amigo bem disposto e de fino humor a que nos habituou nos seus escritos ... e ademais, ensina-me a vida que nem sempre aqueles que parecem almas joviais na escrita o são na realidade, mas em si parece-me que sim (aliás, está ali em cima essa confissão), mas lendo-o fica-se esmagado, quase sem ar. Espero que essa nuvem aziaga tenha sido passageira e hoje o encontre melhor, de humor mais vivo e com ânimo redobrado!
ResponderEliminarEduardo
ResponderEliminarO seu texto lembra-me o desassossego do Bernardo Soares... já nos habituou a uma escrita fluente, clara e contundente, mas este texto foi uma surpresa total...
Parabéns pelo texto e obrigada pelo efeito que o seu comentário teve na minha desassossegada irmã Fada.
Fada, esse abraço chegou cá que eu sentio-o :-)))
ResponderEliminarE hoje, em especial é bem vindo o abraço, que hoje passei a fazer parte do grupos dos "entas" !!! eheheh
É verdade, hoje tocou-me a mim fazer 40 aninhos.
Um forte abraço também para si e ... bola p´rá frente, que atrás vem gente !
Amigo FP, as núvens, leva-as o vento !
ResponderEliminarE hoje, como pode reparar pelo comentário anterior em resposta à nossa querida amiga Fada, é dia de festa cá para o rapaz e apesar da chuva, não há núvem que me moleste.
Quanto aos elogios ao texto, só posso agradecer.
Manuela, obrigado pelos elogios, e quanto à mana Fada, cheira à distância que é "gente fina", que só tem mais é que ser feliz.
ResponderEliminarOS governantes que se lixem, que nós temos uma vida para viver, e só por cá passamos uma vez !
Parabéns Eduardo e obrigada.
ResponderEliminarParabéns pelos "entas" e pelo texto. :)
A única coisa que lhe desejo é que seja feliz.
Quanto ao desassossego que a irmã Manuela fala, é por ter uma filha e uma filha sem trabalho a 3 é ruim... se fosse só eu e o marido, não havia problema. As agruras da vida...
Quanto á sua festa "bota pra bingo" que o Eduardo bem merece uma "festonça" sem fim! :)))
Bem haja por ser tão humano, na verdadeira acepção da palavra!
Parabéns, Eduardo. Bem-vindo aos "entas", eu e Fada já por aí andamos há uns anitos :)
ResponderEliminarPeço desculpa pelo atraso, mas parece que foi só por uns minutos...
Que os seus "entas" sejam melhores que os "intas"
Um grande abraço e haja alegria de viver!
Manas ! obrigado pelos parabéns.
ResponderEliminarSe por acaso as letras hoje aparecerem "tortas", não estranhem, que isto hoje a vista está meio turva :-)))
Eduardo
ResponderEliminarNão há letras tortas, nem erros, o esforço parece valer a pena :)
Parabéns
Ai o amigo andava enovoado à conta de entrar nos quarenta?
ResponderEliminarÓ homem de Cristo, isso estou lá eu há uns cinco anos e tirando uma dor, ora deixe cá ver, no joelho direito, no tornozelo esquerdo, o ombro esquerdo com alguma ferrugem, o "core" teimoso a dar uma luta danada, não sei quantos dentes tratados, óculos em cima das vistas, a coluna lá em baixo a doer de vez em quando, estou aqui rijo como um pêro!
Amigo, parabéns retardados e que seja por muitos e longos anos.
Por enquanto Benjamina, por enquanto !
ResponderEliminarÀ tarde sou capaz de estar pior, é que as ressacas nos Alentejanos atacam mais pela hora da sesta !
FP, não estou enevoado pelos 40, estou enevoado pela carga etílica de ontem, que é bem diferente ... para melhor.
ResponderEliminarObrigado.