4 de março de 2010
Poesia de Mário de Andrade
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, o essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
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Eduardo, não há dúvida que é uma interessante coincidência termos os dois publicado este texto, mas eu revi-me nele completamente talvez porque sou muito mais "madura" do que você :))
ResponderEliminarUm grande abraço e bom fim-de-semana.
Como ele está certo... Meus Deus, meu Deus!
ResponderEliminarAdorei este poema que também me enviaram para o e-mail! É uma óptima reflexão. Que determinação! Assim me apetece eu ser ... Assim me apetece eu gritar aos quatro ventos!
Jinho.
Caríssimos,
ResponderEliminarO autor deste poema publicado em 2005 é o escritor Mário PInto de Andrade, angolano (1928/1990).
O seu a seu dono!
Dora