29 de dezembro de 2010

Deixem-me dar-vos música ... a sério, e da boa !

Quando tento resumir à expressão mínima o que foi o ano de 2010, surge-me invariavelmente a ideia de que levaram o ano a "dar-nos música", com tudo o que de mau esta expressão acarreta.
Por isso, na hora de deixar aqui o último post de 2010 pensei que devia responder à letra, mas tentando, como é meu timbre, fazer mais e melhor.
Nesse sentido, decidi presentear todas as minhas queridas e queridos seguidores ou meros visitantes, com uma música dum dos meus músicos preferidos e que considero um verdadeiro génio.

A imagem do vídeo não está "grande espingarda", mas a performance do Bobby McFerrin, essa, está magistral !


Boas entradas, e feliz 2011 !

27 de dezembro de 2010

Reforma jovem, eis a solução !

O brilhantismo das opções políticas tomadas pelos sucessivos governos PS e PSD trouxeram-nos ao calamitoso estado actual da nação, em particular no que às questões do emprego e das reformas diz respeito.
Não só criaram condições que obrigam os idosos a trabalharem mais e mais, quem sabe até ao fim das suas vidas, tornando-nos inclusivamente no povo Europeu que trabalha até mais tarde e que menos anos goza a sua reforma, como ainda conseguiram que o desemprego da juventude Portuguesa atingisse, já este ano, valores na ordem dos 20%.
A pirâmide está totalmente invertida e começo a pensar que o melhor será que se acabe, de facto, com as actuais reformas.
Proponho mesmo, que os jovens a partir dos 18 anos passem a receber uma "reforma jovem" paga, obviamente, com os descontos que os idosos farão nos seus ordenados, e que a mesma seja paga até que os jovens entrem, finalmente, no mercado de trabalho, aí por volta dos trinta e tal, quarenta anos.
Desta forma resolver-se-iam os problemas de falta de liquidez da Segurança Social, e passaríamos a ter , por um lado, os mais bem dispostos jovens Europeus, por outro, os mais activos "velhinhos" de toda a Europa.

Para grandes males, grandes remédios !

23 de dezembro de 2010

22 de dezembro de 2010

João (Judas) Proença.

Sendo ateu, devo confessar que não domino na perfeição os assuntos de carácter Bíblico.
Sei, no entanto, que no Natal se celebra o nascimento de Jesus e que na Páscoa se celebra a sua morte e respectiva ressureição. Sei também, que um dos grandes culpados da morte de Jesus, de acordo com o relatado na Bíblia, foi Judas, que traiu Jesus a troco de 30 moedas de prata.
A ele, João Proença, ficar-lhe-ia melhor falar de questões bíblicas mais perto da Páscoa, uma vez que é aí, nessa altura, que Judas mais se evidencia na história.

21 de dezembro de 2010

Será que é desta que nos livramos deles ?

Segundo notícia do Correio da Manhã, devido à crise, as "Mães" já começaram a fugir. Só falta começarem a levar os "Filhos" com elas !

17 de dezembro de 2010

Momentos

O som do saxofone era inebriante, cheio de swing, numa interpretação magistral dum velho êxito de Charlie Parker. A pequena sala estava quase cheia, e a atmosfera azulada pelo fumo dos cigarros conferia-lhe um ambiente único na noite de Lisboa. Fazia-se sentir o silêncio dos verdadeiros apreciadores do bom Jazz, apenas entrecortado, aqui e ali, pelo gelo que tilintava nos copos.
No fim da actuação a plateia emerge em aplausos que, não sendo efusivos, são bem demonstrativos do quanto haviam gostado. Aquela tribo do Jazz era doutro nível, não se desfaziam em estridentes aplausos à toa, eram conhecedores profundos do que ouviam e como tal tornaram-se exigentes, até mesmo selectivos.
De súbito, um indivíduo de meia-idade, com um proeminente bigode preto aborda-o.

- É a 1ª vez que cá vem ?

- Sim, de facto é, nota-se muito ?

Sorrisos.

- Nota-se pois, mas estive a observá-lo e pela forma como fechou os olhos e batia ritmada e acertadamente os pés. Digo-lhe uma coisa, você tem “swing”.

- Obrigado, mas olhe que não distingo um Dó dum Ré.

- Nem isso é preciso, o Jazz sente-se e vive-se sem pauta.

Seguiu-se uma ligeira palmada nas costas e aquela simpática personagem sumiu-se na azulada nuvem de fumo.
O resto da noite foi agradável, e ao sair sabia que ia voltar, e não seriam tão poucas vezes assim.
E assim foi, lá voltou, não tantas vezes como as que havia pensado voltar, mas ainda assim as suficientes para aprender a gostar cada vez mais de Jazz.
Das vezes que voltou, não mais viu aquela afável figura que o havia interpelado na sua 1ª visita. Só mais tarde, ao ver na televisão o programa de Jazz do José Duarte é que deu de caras com aquela figura de novo.

Era o Luiz Villas Boas, grande figura do Jazz nacional, considerado mesmo o Pai do Jazz em Portugal e que, sem que eu soubesse, me apadrinhou na minha primeira visita ao já saudoso, Hot Club, em meados dos anos 80.

14 de dezembro de 2010

Pensamentos.

“Dívida de gratidão”

Expressão abominável esta, porque deturpa pela base a essência da gratidão.

A verdadeira gratidão existe nos dois sentidos, isto é, de quem a pratica para quem a recebe, assumindo aí um carácter de bem feitoria desprendida e sem qualquer perspectiva de ressarcimento futuro envolvido, bem como, de quem a recebe para quem a praticou, e nesse caso assume as formas de agradecimento, admiração e reconhecimento nos seus estados mais puros.

A gratidão é gratuita, não tem qualquer tipo de preço, razão pela qual jamais poderá constituir-se como dívida.

13 de dezembro de 2010

Não sei se ria, se chore ...

(recebido por mail)
A avó diz à neta:
- Eu, com a tua idade já trabalhava!...
A neta responde:
- Eu, com a tua idade, ainda vou estar a trabalhar...

9 de dezembro de 2010

Ressaca - Uma crónica dos anos 80.

O acordar lento e doloroso, aquela secura extrema na boca, que lhe conferia uma textura encortiçada, o calor do sol do meio da manhã que já se fazia sentir, num quarto impregnado de aromas etílicos, e eis que, ao primeiro movimento no sentido de levantar a cabeça, surge a confirmação.
Ressaca ! e das valentes.

- Porra ! por onde é que eu andei ontem ?
- Ah ! já sei … pois é, a coisa ontem toldou um bocado.
- Xiii pá ! que horas serão isto ?
- Deixa-me cá levantar, devagarinho, não vá a carga toldar e estragar o resto.

Alcançada a posição de sentado na cama, as primeiras tonturas surgem, mas depressa o cérebro se habitua à posição vertical.
Menos mal, agora, apoiado à cabeceira da velha cama de ferro, ergue-se, até estar totalmente de pé. Num passo trôpego, alcança a alça da persiana, que abre apenas até que a luz passe pelos buracos. Abri-la toda seria, seguramente, caminho certo para uma cegueira imediata e momentânea, provocada pelos raios daquele Sol de Verão.
Abre a janela, para que o ar limpo e carregado de maresia entre naquele fétido ambiente do quarto e assim se deixe de sentir no interior dum alambique.
Duas inspirações mais profundas, e eis que o vómito surge de súbito, mas ele controla-o , com esforço é certo, mas repleto de apuro técnico conquistado em ocasiões anteriores. Chegado à porta do quarto, abre-a, somente o suficiente para espreitar se o caminho até à casa de banho está livre. A Mãe está lá fora, a estender a roupa. Não há tempo a perder. Em passadas rápidas, ainda que titubeantes, alcança a casa de banho. Uma vez lá dentro tranca a porta. Abre a torneira do lavatório e bebe. Bebe muita água, mesmo muita.

- Ai que bom ! nunca mais me enfrasco outra vez, porra !

De súbito, a Mãe entra em casa e repara na porta do quarto aberta.

- Estás onde ?
- Estou na casa de banho, Mãe.
- Que horas eram ontem quando chegaste ?
- Ontem não … hoje, Mãe, já foi hoje !

A piadinha aliviava sempre a pressão que a velhota exercia naquelas ocasiões.

- Estás muito engraçadinho estás, deixa que o teu Pai depois fala contigo. Ai rapaz que tu não ganhas juízo e eu já não sei o que te diga.
- Deixa lá Mãe, não fiz nada de mal.

De imediato lava os dentes, de forma frenética e com abundância de pasta dentífrica, como se daquela forma pudesse limpar e refrescar não somente a boca, mas todo o interior da sua latejante cabeça.
O banho, longo, começa por água tépida, que gradualmente vai arrefecendo até só já correr água fria do chuveiro.
Sente-se melhor, revigorado.
O desodorizante e o perfume devolvem-lhe a dignidade até ali perdida.
Sai, de toalha à cintura, já com as tonturas controladas e sorri de forma descarada à Mãe, dando-lhe um beijo de bons dias.
Veste-se, e quando se prepara para o pequeno-almoço, a Mãe surpreende-o com um copo de leite na mesa.
Leite ? pensa ele para com os seus botões. Com esta ressaca se bebo um golo “vai tudo fora”.

- Ò Mãe, obrigadinho mas eu não quero leite. Bebo antes um suminho de laranja.
- Suminho de laranja ? Estás bonito estás. Andaste a beber ontem, não foi ?

A velhota já lhe conhecia as fraquezas, e ele acabara de cometer deslize fatal com a história do suminho.

- Lá estás tu Mãe, é obvio que bebi, pois se uma pessoa sai à noite, é claro que bebe. Agora dai até ficar bêbado …

O encolher de ombros da Mãe sentencia a conversa, e transmite-lhe, por um lado, o descanso da mesma ter ficado por ali, por outro, a tristeza de ver que a Mãe ficou arreliada com a situação.
Sai de casa, lampeiro, e já com outro ânimo, toalha ao ombro em direcção à praia. Por lá encontra os amigos do costume e quase todos se encontram em idêntico estado de ressaca. O dia corre solto, e eis que chega a noite.
Encontram-se no bar do costume.
O empregado pergunta :

- O que é que vai ser ?


A história repete-se, até que Setembro chega, e com ele as responsabilidades da vida !

7 de dezembro de 2010

Parabéns Ary.

O grande poeta José Carlos Ary dos Santos, faria hoje 74 anos caso fosse vivo.
Já não está, infelizmente, entre nós, mas a obra que nos deixou é imortal, e do muito que é possível encontrar pela Net relativo ao grande Ary, recomendo vivamente que visionem a maravilhosa composição vídeo que abaixo vos indico.
Vejam e oiçam, desprovidos de quaisquer sentimentos politico-partidários, vejam e oiçam, como Portugueses, como filhos duma nação que sofreu e que volta a sofrer, mas que teve a capacidade de criar homens com a nobreza de carácter, com a dimensão humana, e com a genialidade de José Carlos Ary dos Santos.
Até sempre Ary, até sempre.

http://videos.sapo.pt/QItkTGcDjiE0OItdsCaP

p.s.
São 16 minutos de vídeo, aparentemente é muito, ainda assim é certamente pouco, para a grandeza de Ary dos Santos.

5 de dezembro de 2010

Surdez selectiva.

Ando assim descansado
Com o silêncio por companheiro
No meu canto acoitado
Sou agulha num palheiro

Oiço ao longe aquelas vozes
Não lhes entendo o sentido
Vejo as caras ferozes
Cheias de ódio desmedido

São demasiadas conversas
Desprovidas de conteúdo
São umas almas perversas
Dizendo mal de tudo

Tanta gente a falar
Tanta palavra proferida
Com tão poucos a acertar
Com o discurso certo da vida

Quem muito fala, pouco acerta
Já dizia o velho ditado
Deixando de ter o ouvido alerta
Passei a viver descansado

Bem dita esta surdez
Que aprendi a criar
O bem que ela me fez
Foi deixar de me arreliar

Mantenho um bom ouvido
Só para os amigos verdadeiros
Pois com esses faz sentido
Falar os dias inteiros

3 de dezembro de 2010

Morte e Resurreição de Keynes.

Explicado assim, por quem sabe, até fica fácil entender.
E o Pacto de Estabilidade e Crescimento ? esse tal PEC Europeu, é cá um "amigo" !