26 de agosto de 2011

23 de agosto de 2011

Solid - Ashford & Simpson.

Nick Ashford, que entre nós ficou mais conhecido nos anos 80 através deste dueto com a sua esposa, que andou nos primeiros lugares dos Top's musicais nacionais, faleceu ontem aos 70 anos, vitima de cancro.
Era um nome grande da Mowtown, como letrista e compositor, tendo composto vários êxitos que foram depois interpretados por Marvin Gaye (Ain't No Mountain High Enough) ou Diana Ross.

Foram muitas as vezes que nos anos 80 ouvi e me deliciei com este "Solid", do grupo Ashford & Simpson.

19 de agosto de 2011

Revelador.

O assunto que me leva a escrever este post é, a meu ver, de tal forma importante e relevante que, mesmo apelando à minha maior capacidade de síntese, acabou por sair este “lençol” que abaixo vos deixo. A verdade é que para expor correctamente a minha opinião sobre esta matéria era impossível fazê-lo por meias palavras e deixando muito por dizer.

A actual visita Papal a Espanha reveste-se, juntando todos os acontecimentos ocorridos até ao momento, dum carácter verdadeiramente revelador e que ajuda a melhor entender aquilo que é e que tem sido a história da Igreja Católica e do seu posicionamento perante o Mundo e os seus Povos.
Numa altura de profunda crise mundial como aquela que vivemos, têm sido constantes as aparições de Padres, Sacerdotes e até mesmo do seu Sumo Pontífice a apelar à caridade, á fraternidade e à ajuda ao próximo, como formas de se ajudar a combater e a mitigar a pobreza e a fome que grassam, cada vez mais, em todo o Mundo.
A verdade, porém, é que as acções da Igreja Católica estão longe de corresponder ao seu próprio diálogo e entram mesmo em contradição com este.
Numa altura em que a Espanha (assim como Portugal no ano passado, mas foquemo-nos por ora na Espanha) atravessa uma situação delicada em termos económicos, a IC (Igreja Católica) decide fazer uma visita a este país e, claro está, ás expensas do Governo Espanhol.

Aqui ficam, desde logo, bem patentes três situações inaceitáveis :

1º Apesar da fortuna colossal (e aqui o termo é bem empregue) que sempre caracterizou e reinou na instituição religiosa que é a IC, esta continua a viver, faustosamente, do “dízimo” alheio.

2º A forma como Estados Laicos se vergam perante as exigências da IC é, só por si, revelador da forte influência que a mesma ainda exerce nas governações desses países. Nem todos os Espanhóis são católicos, mas é com o dinheiro dos impostos de todos eles que esta, e outras viagens, são pagas.
Não creio que as visitas de líderes de outras religiões também tenham sido, ou venham a ser, suportadas pelos governos laicos como é o caso do Espanhol.

3º As visitas Papais são, sem qualquer sombra de dúvida, as maiores acções de merchadising a que o mundo assiste hoje em dia, e o mais incrível é que a IC é a única instituição no mundo que o faz de forma totalmente grátis.

Outro aspecto que convém realçar relativamente a esta visita Papal tem que ver com as querelas que daí resultaram anteontem e ontem na Praça Puerta del Sol, e com o tratamento diferenciado que foi dado aos fiéis católicos relativamente àqueles que se manifestaram contra a visita Papal.
Durante a tarde e início da noite, a referida Praça foi-se enchendo de fiéis que assim pretendiam manifestar o seu contentamento e alegria pela visita Papal, e quando isso aconteceu as forças de intervenção não foram chamadas ao local. Mais tarde, também de forma ordeira e pacífica, a mesma praça foi acolhendo milhares de pessoas que pretendiam assim manifestar o seu descontentamento e discordância com a referida visita Papal, mas aí, as autoridades competentes solicitaram a intervenção policial com vista à retirada daquela praça, daqueles que se manifestavam pacificamente (realço que foi sempre de forma pacífica, e que os únicos actos de violência foram praticados pelas forças policiais, não se tendo verificado algum confronto entre os manifestantes e os fiéis e não tendo sido registado nenhum ferimento entre os fiéis ou forças policiais, o mesmo não acontecendo em relação aos manifestantes que sofreram vários ferimentos) contra a visita do Papa.

Não contente com todo este triste cenário, e ao invés de tentar pôr alguma água na fervura eis que, no seu discurso de ontem, o Sr. Ratzinger opta por um discurso duro, e pejado de inaceitáveis críticas aos não católicos. Um discurso que terá sido, não tenho dúvidas nenhumas disso, o mais inquisidor discurso da IC desde os tempos da famigerada Inquisição.
Um discurso carregado de ódio contra os Ateus, e onde o Papa apela, de forma clara e veemente, a que os fiéis deixem de pensar pela sua própria cabeça e passem a obedecer de forma cega e acéfala ao que a IC os manda fazer.

É no mínimo deplorável que o mundo tenha ontem assistido a tamanhas atrocidades proferidas pelo Papa Bento XVI, e mais deplorável ainda, que os órgãos de comunicação social, sempre tão ávidos de notícias escaldantes, passem (de forma evidentemente concertada) ao lado destas palavras, não lhes dando a atenção e o destaque que as mesmas mereciam.

Se a tudo isto juntarmos, aquilo que também ainda não vi referido em nenhum órgão de comunicação social, que é o mais profundo silêncio da IC relativamente aos recentes atentados ocorridos na Noruega, perpetrados por um individuo que se declarou como Fundamentalista Cristão, e que afirmou que o motivo dos seus actos se ficou a dever ao seu ódio contra os impuros (no caso, os não católicos), fica bem claro que, para a IC, o actual cenário de crise económica, social e humanitária em que o mundo mergulhou, se tornou num terreno fértil para tentar recuperar o seu poder e influência sobre as populações, já não se coibindo de mostrar, até pelas palavras proferidas ontem pelo seu representante máximo que, caso lhes seja permitido, a ressuscitação dos tempos da Inquisição estará para breve.

17 de agosto de 2011

Proibido ter prazer no trabalho.

Assistimos, cada vez mais, e no mundo inteiro, a políticas de trabalho altamente restritivas e que retiram qualquer possibilidade dos trabalhadores sentirem prazer no desempenho das suas funções.
Veja-se, a título de exemplo, o duplo despedimento ocorrido na Cathay Pacific Airways, de Hong Kong, apenas porque estes dois colaboradores demonstraram ter prazer no seu próprio trabalho.
Inadmissível, de facto.
E só se evitou uma desgraça maior porque a troika não chegou, ainda, a Hong Kong e não os obrigou a adoptarem as medidas que facilitam o despedimento que temos agora por cá, porque senão, ainda tinham despedido o piloto antes mesmo deste aterrar o avião.

12 de agosto de 2011

Lamentável.

Não consigo, por mais que me esforce, entender o que move efectivamente os espíritos inquietos que fomentam, sempre que podem, a desagregação nacional através duma tentativa de criação de guerra Norte-Sul em Portugal.
Bairrismos e regionalismos sempre existiram e continuarão a existir e são até, em meu entender, saudáveis, porque é através deles que muitas das vezes as pessoas se unem em torno do desenvolvimento das suas terras, das suas populações e acabam por fazer e deixar obra feita.
O que já não é muito aceitável é que alguns indivíduos menos bem intencionados, façam um uso excessivo desses sentimentos bairristas e regionalistas, e que através de discursos inflamados dum ódio cego e perigoso consigam fomentar nalguns espíritos mais incautos, e por ventura menos esclarecidos, autênticas fracturas Norte-Sul onde elas na verdade não existem, nem nunca existiram. Este é um fenómeno que se tem verificado com mais frequência e intensidade nalguns dirigentes desportivos que têm, infelizmente, optado por essa via, como forma de se perpetuarem no poder.

Mas até aí, menos mal, com acefalias futebolísticas e afins pode o país bem, o que não podemos nem devemos tolerar é que de forma sub-reptícia e com frequência que começa a ser preocupante, alguns órgãos de comunicação social enveredem, também eles, e com intenções e objectivos poucos claros, e quem sabe, menos nobres e patrióticos, por esse caminho de fomentação de ódios regionalistas entre o Norte e o Sul.

Em concreto, refiro-me à capa do Jornal de Notícias de hoje, onde surge com letras garrafais o título “São do Norte 132 das 297 escolas que vão fechar”.
Este título, como outros que já têm saído no histórico jornal da cidade do Porto, não é inocente e vem eivado de malícia, tentando deixar na ideia de quem lê, en passant, a capa do JN que o Norte está a ser prejudicado em relação às restantes regiões do País, e aqui leia-se, Sul.

Convém que todos nós, quando nos deparemos com situações como esta não nos deixemos levar “na onda”.
Os números estão correctos, de facto, mas o que o JN não explicou, ou não quis explicar, é que é precisamente no Norte e nos Distritos e Concelhos em causa, que a densidade populacional é maior, o que portanto acabará por se reflectir também num maior número de escolas, e por consequência, num eventual maior número de encerramentos de escolas nesta zona do país.

O que o JN não acautelou desta vez foi a questão Matemática, e esta não pode ser aqui esquecida, é que se repararmos bem 132 escolas encerradas num universo de 297 dá o valor de 44,4%, ou seja, dividindo o país ao meio, entre Norte e Sul, como os Srs. do JN tanto gostam, e tendo em conta que é no Norte que há um maior número de escolas, fica aqui bem claro que o Norte, sendo assim, saiu beneficiado.

Chamar-me-ão à atenção, aqueles mais atentos, que Portugal tem mais que Norte e Sul, Portugal tem também as Ilhas. Está correcto, sim senhor, mas eu quer-me parecer que se para os Srs. do JN o Sul já é essa coisa horrenda que lhes tira o sono, então, Açores e Madeira, para eles, hão de ser coisas que nem deveriam ser consideradas como território nacional.

Lamentável, é tudo quanto se me oferece dizer.

10 de agosto de 2011

Agora é público.

Agora é público, já não há como esconder.


Passos Coelho anda a dar de comer aos amigos.

5 de agosto de 2011

Ontem eram anónimos, hoje são de testes.

Muito sinceramente, parece-me disparatado o alarido que se está a fazer em torno da chamada de “teste” que a deputada do PSD, Joana Barata Lopes, fez para o 112.
Numa altura em que muitos defendem, eu inclusive, que um dos problemas da sociedade actual se prende com a perda de valores que outrora nos regiam, acho até salutar que a jovem deputada tente recuperar o prazer sublime que outrora a minha geração sentia ao fazermos, também nós, magníficas chamadas de “teste”.
Ainda me lembro, como se fosse hoje, daquelas tardes de Inverno em que a chuva nos impedia de irmos para a rua brincar, como era costume de então, e que nos víamos forçados a ficar fechados em casa, coisa que nos deixava inquietos e que nos aguçava o espírito para as mais inusitadas brincadeiras.
Uma delas, claro está, era a de fazer telefonemas de “teste” para gozarmos com o incauto interlocutor que nos atendia do outro lado.
Perdi a conta ao número de vezes em que isso aconteceu lá em casa. Convidava-se os amigos para uma tarde de Monopoly, fechávamo-nos na sala, com o tabuleiro no chão e por ali permanecíamos entretidos a comprar e a vender a Rua Augusta ou a Luísa Todi do bairro Azul Claro, até que a dada altura, um lembrava-se :

- Epá ! vamos fazer telefonemas anónimos (hoje diz-se de “testes”, é politicamente mais correcto).

Acto contínuo, colocávamos um de guarda à porta da sala, para controlar a eventual chegada da minha Mãe, que estava na marquise agarrada à máquina de costura a fazer vestidos para fora, e lá desatávamos nós a fazer chamadas anónimas.
A primeira vítima, invariavelmente, era o Sr. Franklim do talho. Já sabíamos o seu número de telefone de cor, pegávamos naquele grande e volumoso aparelho preto (eram todos pretos, ou quase todos, porque o Orlando tinha um telefone vermelho na casa dele, que o Pai, que era da Marinha, tinha trazido de “fora” e que era um verdadeiro luxo !) e que tinha um disco perfurado para marcar os números que fazia um barulhão desgraçado, e lá atacávamos nós tentando, ao máximo, fazer uma voz afeminada :

- É do talho do Sr. Franklim ?
- É sim, faz favor ?
- O Sr. Franklim tem mão de porco ?
- Sim tenho.
- Então como é que está a segurar no telefone ?

Era a risada geral. Desligávamos rápido porque, vá-se lá saber porquê, aquela coisa de fazer chamadas anónimas era, para nós, algo muito perigoso e que nos obrigava a todos os cuidados para não sermos apanhados.
Outra brincadeira corrente era a de pegarmos na lista telefónica e procurarmos nomes que se prestassem ao gozo, como por exemplo Leitão, Carvalho (que subitamente, e algures na conversa perdia o “v”, para rimar com algo mais …), e por aí adiante.
Tudo isso se perdeu. Porque os telefones se generalizaram, porque passaram a identificar a chamada e, acima de tudo, porque com os preços praticados pelos operadores de comunicações, essa brincadeira hoje atinge valores proibitivos.
Portanto, termos uma representante do nosso governo que tentou, com custos avultados para a sua pobre conta bancária, reavivar o espírito que reinava nos anos 70 e 80 dos telefonemas anónimos, deveria merecer da parte de todos nós um aplauso e não um chorrilho de críticas como se tem visto.

Podem, isso sim, é dizer à Sra. Deputada que tendo a conta a sua idade e a posição que ocupa, da próxima vez que lhe apeteça brincar aos telefonemas anónimos, que o faça ligando mas é para o Sr. Car(v)alho … vai ver que vai gostar, Sra. Deputada !

3 de agosto de 2011

Portugal sem carros. Utopia ?

Assim à primeira vista, e tendo em conta as constantes filas de trânsito que se geram diariamente nestas vias de acesso a Lisboa, a medida até poderia ser explicada como fazendo parte dum plano concertado de incentivo ao uso dos transportes públicos.
E, convenhamos, apesar de não ser uma medida simpática, até faria algum sentido, não fosse o facto de, precisamente este mês, os transportes públicos terem sofrido um aumento médio de 15%.
Desta forma, aquilo a que assistimos, uma vez mais, é à tentativa de criação de mais uma medida que visa única e exclusivamente a extorsão de dinheiro a quem precisa de se deslocar diariamente para os seus postos de trabalho.
Mas analisemos a situação de forma mais ampla, mais abrangente.
Suponhamos que a medida agora proposta é aprovada, e esqueçam-nos, por ora, dos trabalhadores que se têm de deslocar todos os dias para os seus postos de trabalho. Foquemo-nos noutros utilizadores que, por exemplo, usam estas mesmas vias como ferramenta de trabalho, como é o caso dos transportes de mercadorias.
Já hoje, somos diariamente confrontados com notícias que nos dão conta do encerramento de empresas de transportes, que não conseguem mais sobreviver face aos constantes aumentos dos combustíveis e da carga fiscal, ora, um aumento de custos para estas empresas através da colocação de portagens nestas vias será, tão somente, a passagem de certidão de óbito a praticamente todas elas.

E eu pergunto :

- Pode um país sobreviver sem a mais que necessária e básica industria de transporte de mercadorias ?

É obvio que não. Assim como não pode mais suportar o aumento de desemprego que medidas como esta inevitavelmente criarão.
Sob o ponto de vista económico, todo este conjunto de medidas mais não são que a asfixia total da economia Portuguesa, levando-a a um estrangulamento que nos impossibilitará de reagir ao actual cenário de crise.
Uma coisa é a crise, outra, completamente diferente, é a usurpação que determinados sectores, organismos e empresas tentam pôr em prática com vista ao seu próprio lucro.
Uma medida como esta que a EP pretende levar por diante é altamente penalizadora para toda a economia Portuguesa, porque afecta directa e indirectamente quase todos os sectores da nossa sociedade.
E uma vez que estamos a falar de estradas, de vias de comunicação, que são utilizadas, obviamente, por automóveis, estamos aqui a falar de forma directa, quer se queira quer não, duma afectação pela negativa da industria e comercio automóvel nacionais.

Ora, tendo nós instalada em Portugal uma unidade de fabrico automóvel como a Autoeuropa, que significa, apenas e só, 3% do PIB nacional, não estaremos nós a correr um risco demasiado grande de, no futuro, criar alguma “desmotivação” por parte da VW em continuar a produzir automóveis num país onde os mesmos quase não podem circular ?

1 de agosto de 2011

Crise terminal do Capitalismo.

Não tenho por hábito postar aqui textos que não sejam da minha autoria, só muito esporadicamente abri excepções a essa regra, mas hoje vou fazê-lo de novo.
Faço-o, porque me revejo na análise que o autor faz neste texto em concreto, e faço-o também, porque me parece que a divulgação deste tipo de mensagens é, em especial na fase que atravessamos, uma boa medida para alertar e despertar consciências.

Chamo desde já a atenção para o facto de o texto estar escrito em Português (do Brasil), uma vez que o seu autor é o conhecido Teólogo e Professor Universitário, Leonardo Boff.

"Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.


A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.
Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha, o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os paises centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamene nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.
Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente, criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.
As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas."