30 de maio de 2011

Desviar é preciso.

Há dois anos atrás fiz obras de remodelação na minha casa.
Com tanto mexe e remexe, numa tentativa de ganhar espaço onde ele praticamente já não existia, a porta da casa de banho acabou por ser ligeiramente desviada para o lado esquerdo.
Normalmente acordo a meio da noite para ir à casa de banho, e tenho por hábito fazer o trajecto do quarto até à casa de banho às escuras, pois o caminho não engana.
Com a tal alteração da porta da casa de banho, nas primeiras semanas após as obras fartei-me de embater contra a ombreira do lado direito da porta.
Como não sou masoquista, acabei por perceber que tinha de ganhar o hábito de me desviar mais para a esquerda para não continuar a magoar-me.
Hoje, entro e saio daquela porta, às escuras e de olhos fechados, sem lhe tocar e sem me magoar.

Eu pergunto-me :

- Num país que parece andar constantemente em obras de remodelação, e onde o povo anda há 35 anos a embater no lado direito, o que é que falta para começarem a desviar-se um bocadinho mais para a esquerda ?

Vejam lá se atinam ! é que com 35 anos de nódoas negras, ainda a coisa é capaz de começar a gangrenar.

27 de maio de 2011

E porque hoje é Sexta ...

Eu já andava baralhado com alguns dos acontecimentos e comentários ocorridos nesta campanha eleitoral, mas ontem, confesso, fiquei completamente "à nora".
O Dr. Passos Coelho, com a campanha já a todo o gás, veio agora sugerir que se referendasse o aborto.

Então, mas não é isso que vamos todos fazer no próximo dia 5 ?

Eu pelo menos tenciono dizer que não a este aborto !

24 de maio de 2011

Auroras.


Manhãs que nascem tortas
Noites de tormentos
Personalidades retortas
Turbilhão de sentimentos

Melhor seria não ver
Não ouvir nem sentir
Para depois não sofrer
Com todo este devir

Olhas o futuro
Lembras o passado
O presente obscuro
Traz-te amargurado

Soltas o grito
Corres desenfreado
Sentes-te aflito
Cais desamparado

Sonho ou realidade ?
Que importa isso agora
Vale apenas a verdade
Que te traz a nova aurora

23 de maio de 2011

Não basta reclamar.

Os números não mentem, a crise em Portugal é real, existe mesmo, e não há como camuflá-la.
As longas e eternas discussões sobre quem foram os principais responsáveis por termos chegado onde chegámos têm sido feitas um pouco por todo o lado, e com resultados que, até ao momento, em pouco ou nada contribuíram para que pudéssemos sair desta complicada situação.
À medida que se aproxima o dia 5 de Junho, é cada vez mais audível a voz de descontentamento do Povo Português.
Ouve-se a voz que reclama do elevadíssimo nível de desemprego, da crescente precariedade naqueles que ainda vão trabalhando, do aumento generalizado dos preços e em particular nos bens essenciais e na saúde.
E eu concordo com estas vozes de descontentamento. Todos os que aqui me seguem sabem bem o quanto defendo o verdadeiro Estado Social, o quanto defendo as políticas de esquerda que visam a defesa dos direitos e garantias dos trabalhadores, o quanto defendo que a riqueza produzida deverá ser distribuída de forma mais equitativa.
Mas uma coisa é certa, as políticas de esquerda, e essencialmente estas, fazem-se para o Povo mas também com o Povo. O Povo tem de ser participativo e ajudar a que a implementação destas políticas se faça de forma crescente e adequada. Não podemos, nem devemos, pedir que nos governem com políticas de esquerda, e comportarmo-nos depois como verdadeiros liberais, fazendo do despesismo, do consumismo supérfluo e desnecessário um modo de vida quotidiana.

Meus caros, “sol na eira e chuva no nabal”, é coisa (quase) impossível de alcançar nos modelos políticos e sociais.

Exigimos combustíveis mais baratos, e exigimos também mais e melhores transportes públicos, mas todos os dias de manhã os engarrafamentos para se entrar nas grandes cidades são enormes, e com a esmagadora maioria dos carros apenas com o condutor como ocupante.
Que mensagem passamos nós para quem nos governa com isto tipo de comportamento ?

Exigimos mais e melhores Escolas públicas, mas a classe média remediada (que tende a acabar vertiginosamente) empenha-se até ao tutano para colocar os filhos no Colégio A, B ou C.
E mesmo aqueles que têm os filhos no Ensino público, quantas vezes por ano se deslocam à Escola dos filhos ? quantas vezes participam activamente na relação que deveria existir Escola-Família ?
Que mensagem passamos nós para quem nos governa com isto tipo de comportamento ?

Queixamo-nos dos elevadíssimos preços dos bens alimentares, mas os cafés e pastelarias estão à pinha logo pela manhã com gente a tomar o pequeno-almoço fora de casa ?
Que mensagem passamos nós para quem nos governa com isto tipo de comportamento ?

Mais, muito mais haveria para apontar relativamente a todo este tipo de comportamento que urge corrigir na nossa sociedade, porque não basta protestar, há que agir de forma a que o nosso protesto seja legítimo e possa ter o peso que se pretende junto de quem governa.
São pequenos passos que teremos de ir dando rumo a um desenvolvimento social e humano que nos conduzirá, no futuro, a uma melhor e mais justa sociedade.

E por fim, não queria deixar de salientar o comportamento que mais me custa observar no Povo Português e que, esse sim, não pode continuar a acontecer sob pena de jamais nos reerguermos deste cenário de crise.

Exigimos melhores políticas. Exigimos políticas mais justas e honestas. Exigimos políticas que conduzam ao desenvolvimento do país, mas depois, quando chamados a votar, continuamos a dar votos àqueles de quem reclamamos.
Que mensagem passamos nós para quem nos governa com isto tipo de comportamento ?

19 de maio de 2011

Willkommen in Portugal.

Nunca como agora me pareceu tão oportuno que o Governo Português gastasse algum dinheiro do seu (parco) orçamento numa visita de Estado.
Não ! não os quero pôr a voar daqui para fora, ou por outra .. até quero, mas não assim.
Proponho que o Governo Português se disponha a custear uma visita do Estado Alemão ao nosso país.
E se não for pedir muito, gostaria que me contratassem como cicerone dessa visita da Sra. Merkel a Portugal. Não cobrarei nada, e acreditem, simpatia, conhecimento profundo do nosso território e do nosso tecido social não me faltam.
A visita, com o intuito de mostrar o Portugal real à Sra. Merkel, começaria logo dentro do aeroporto, onde teríamos oportunidade de mostrar à Sra. Merkel as condições, em termos de meios físicos, horários e contrato de trabalho precário, em que trabalham os funcionários de terra nos nossos aeroportos, e o salário que recebem comparado com os seus colegas de profissão Alemães.
Seguiríamos para um típico restaurante Português, onde a Sra. Merkel poderia degustar a nossa bela gastronomia e também constatar que o típico empregado de mesa Luso, de calcinha preta e camisinha branca, apesar de trabalhar 9 a 10 horas por dia e receber por isso ordenado mínimo nacional, supera, e de que maneira, em termos de simpatia e bem servir, o sisudo empregado de mesa Alemão que, nalguns dos casos, ganha mais por mês que o dono do restaurante Português onde ela se encontra.
Durante a tarde, e para ajudar à digestão, a comitiva seguiria rumo ao interior do país, visitando uma (das poucas que a UE ainda não nos encerrou) unidade agrícola da região. Aí, a Sra. Merkel poderia constatar in-loco o que é trabalhar num horário de “sol-a-sol” e muitas vezes sob um abrasador sol de 40º, e tornar a receber ordenado mínimo nacional.
Quando fossem por volta das 19 horas, levaria a Sra. Merkel num périplo pelas instalações dos serviços centrais de alguns dos nossos Bancos e Seguradoras. Assim, a Sra. Merkel entenderia muito melhor o termo “trabalho extra não remunerado”.
O Jantar seria servido a bordo duma (das poucas que a UE ainda não mandou abater) traineira Portuguesa, para que a Sra. Merkel pudesse sentir o que é ser pescador em Portugal e não ter ordenado garantido e poucas ou nenhumas ajudas do Estado, neste que deveria ser um dos sectores mais protegidos do país. Talvez assim desse mais valor ao sarguinho fresco que comeu ao almoço, servida pelo tal indivíduo de calça preta e camisa branca.
De madrugada, e de volta a terra, levaria a Sra. Merkel num giro da nossa PSP ou GNR por um dos muitos bairros problemáticos, assim, teria oportunidade de fazer um verdadeiro 2 em 1, ou seja, podia ver as magníficas condições em que trabalham as nossas forças de segurança, bem como, verificar in-loco como (sobre)vive a maioria dos trabalhadores da construção civil em Portugal.
Tinha pensado servir-lhe o pequeno-almoço numa das cantinas das fábricas de calçado Portuguesas, mas infelizmente o patrão encerrou a cantina, justificando-se com a necessidade imperiosa de redução de custos.
Queria mostrar-lhe mais coisas, mas depois do pequeno-almoço a Sra. Merkel pediu-me que a levasse de volta ao aeroporto.

Confessou-me, em surdina, que depois do que viu queria meter pelo menos 22 dias férias e que quando regressasse se reformaria, tivesse ou não idade para isso !

Coitada da Sra. !

p.s. (isto dos ps's começa a tornar-se um perigoso hábito por aqui)
A Sra. Merkel insistiu que não queria prendas nenhumas, mas não resisti a esconder-lhe na mala de mão um exemplar da nossa bela loiça das Caldas.
Aquelas férias vão ser cá um regabofe !!!

17 de maio de 2011

Zé. Simplesmente Zé !

O Zé, movido pela loucura do crédito fácil, chegou a uma situação catastrófica onde os ganhos já não chegam para fazer frente aos gastos. A família do Zé encontra-se agora à beira do colapso, e já nem os bens alimentares mínimos são uma certeza para eles.
Aflito, e sem ter como solucionar a situação pelos seus próprios meios, o Zé decidiu pedir ajuda ao seu Patrão.
Solícito como sempre, o Patrão perguntou-lhe :

- Ó Zé, então diz-me lá rapaz, quanto é que tu deves ao todo, que é para eu te emprestar o dinheiro para tu resolveres a questão ?
- Patrão, ao todo devo 100.000€, com uma taxa de juro de x%
- Epá ! isso é massa como o caraças ! Mas deixa lá que eu vou ver o que te posso fazer.

O Zé lá foi para casa, coraçãozinho apertado, na esperança de que o Patrão o pudesse ajudar naquela hora tão difícil.
No dia seguinte o Patrão manda chamar o Zé.

- Olha Zé, estive a analisar o teu caso, e penso que te posso ajudar.
- Ai Patrão, Deus o ajude, diga lá então como é que vai ser ?
- Fazemos assim Zé, eu empresto-te o dinheiro todo que precisas e tu abates de imediato as tuas dívidas junto dos credores.
Mas temos de combinar aqui duas ou três coisitas.

1º Dado que te estou a emprestar o dinheiro todo, hás de compreender que eu te cobre juros no valor de x+y%. Onde x é o valor que já pagavas anteriormente aos credores, e y … olha, considera o y como o meu spread pá !

2º Dado que te estou a ajudar agora, os aumentos anuais que eu te dava, ficam congelados para os próximos 3 anos.

3º Uma vez que te estou a dar a mão, tens de aceitar que a partir de agora o teu horário de trabalho passe das 40 horas semanais, para aquelas que forem precisas, sabes que estamos cheios de trabalho e eu conto contigo para fazer a empresa andar para a frente.

O Zé, encantado com a amizade do seu Patrão, e livre que se via naquele momento dos credores que até ali o perseguiam, nem pensou duas vezes.
Aceitou prontamente as condições propostas e lá seguiu para o seu posto de trabalho.
No dia seguinte, pela manhã, dirigiu-se aos bancos e empresas de crédito e saldou todas as suas dívidas.
Quanto despachou o último desses assuntos, o Zé sentia-se outro, o ar da rua era mais leve, e a felicidade estava estampada no seu rosto.
Durante aquele 1º mês, a vida do Zé era outra, mais feliz, desafogado, o Zé encarava agora a vida com outros olhos.
Os problemas (re)começaram precisamente quando recebeu o 1º ordenado já nas novas condições que o Patrão lhe propusera.
Automaticamente o Patrão tinha feito os descontos do empréstimo no seu ordenado, e foi só aí que o Zé percebeu que afinal lhe sobrava ainda menos dinheiro que nos meses anteriores.
Aflito, começou finalmente a ver que aquela ajuda do Patrão era bem capaz de lhe ter estragado ainda mais a vida.
O que fazer ? pensou o Zé.
Já sei ! vou arranjar um 2º emprego, trabalho como um doido, mas hei de arranjar maneira de pagar o que devo.
Mas logo se lembrou que essa solução se tinha tornado impossível desde que o Patrão o ajudou. Então ele agora passou a entrar às 7:00, e raras têm sido as vezes que sai de lá antes das 21:00.
Que diabo ! como é que eu resolvo isto ? pensava o Zé.

A verdade é que não resolveu, a situação tornou-se insustentável e o Zé não resistiu a tanta pressão. Sucumbiu ontem, pelas 21:30 quando regressava a casa.
O médico legista diz, no relatório da autópsia, que a causa da morte se deve a níveis elevados de stress, cansaço acumulado extremo, má nutrição e problemas respiratórios graves provocados pela inalação de químicos usados na fábrica do seu Patrão.

p.s.
para melhor compreensão deste texto recomenda-se que :
1 - Onde se lê Zé, se passe a ler, Portugal.
2 - Onde se lê Patrão, se passe a ler, FMI/UE/BCE.

15 de maio de 2011

Dianne Reeves - I put a spell on you.

De facto, a voz da Dianne Reeves é um "feitiço" do qual nunca mais nos livramos depois de a ouvir uma primeira vez.

p.s.
o "velhinho" da guitarra (que não faço ideia quem seja), é uma malha e tanto !

11 de maio de 2011

Geração Tacho

Após a adesão de Portugal à EU, o país conheceu efectivamente uma época de (aparente) crescimento, aumentaram os empregos, aumentaram os ordenados, e paralelamente aumentaram os tão propalados “tachos”.
O dinheiro dos subsídios corria livre e a bom ritmo, e os “boys” foram-se instalando e disseminando a sua presença no tecido empresarial nacional, fosse no Estado, fosse no sector privado.
Durante quase 30 anos as empresas cresceram, não tanto pela boa gestão, mais pela facilidade com que as mesmas acediam a créditos que camuflavam as más práticas de gestão.
Nessas más práticas de gestão, destaco o “factor-cunha” o “apadrinhanço”, vulgo “o tacho” que é hoje, a meu ver, o maior cancro do nosso tecido empresarial.
Ao longo destes quase 30 anos a generalidade das empresas funcionou em moldes que vão contra as mais básicas regras de boa gestão, invertendo a pirâmide hierárquica e chegando ao ridículo de, em boa parte delas, o número de chefias ser superior ao número de chefiados.
As coisas foram funcionando por dois motivos.
O primeiro, já aqui enunciei, assentava na facilidade dos créditos que permitiam desafogo de tesouraria.
O segundo motivo, assentava na existência de pelo menos um “carolas” por equipa de trabalho que ia fazendo a máquina andar. Estes carolas foram subsistindo até muito recentemente, ora movidos pelo gosto pessoal de aprenderem e evoluírem, ora movidos por umas “migalhas” que lhes iam sendo atiradas na forma de prémios anuais de produtividade, mas que hoje se sabe, eram sempre valores na ordem dos 10%, ou menos, daquilo que os “entachados” recebiam, através da exploração do trabalho dos “carolas”.
Acontece que esses “carolas” estão hoje todos na casa dos quarenta e muitos anos, cinquenta anos, cansados, desgastados e revoltados com o estado das coisas, decidiram agora, na sua esmagadora maioria, cruzar braços e deixar “correr o marfim”.
Esta situação é notória em praticamente todos os sectores, e daqui advém aquele que eu considero ser o maior motivo de preocupação para a retomada que se pretende para o país.
A força motriz que ia fazendo a máquina andar, desacelerou, e nalguns casos parou mesmo, e com isso o país está em nítida desaceleração produtiva.
As gerações mais novas que temos agora no mercado de trabalho, e que têm entre os vinte e os trinta e poucos anos, já cresceu habituada ao “tacho” e visando quase sempre, não a sua evolução pelo saber, pelo conhecimento, mas sim pelo “esquema”, pelo “tacho”, e são, por força disso, gerações sem capacidade de resposta imediata para fazerem a máquina arrancar a pleno vapor.
E este é, para mim, um dos maiores motivos de preocupação em relação ao futuro de Portugal.
Esta política de “tachismo” criou (pelo menos) duas gerações que, na sua esmagadora maíoria, é compsota de “tacho-dependentes” desprovidos do know-how adequado que se exige para fazer avançar o país no sentido em que ele precisa avançar.
Preocupa-me muito saber quem é que vai ser Governo a partir de dia 5, mas começa a preocupa-me mais ainda saber quem é que vai fazer o país produzir ?

9 de maio de 2011

Triste Pedro !

O cronista, Pedro Marques Lopes, na sua habitual crónica no DN afirma que o Povo Português é uma «triste gente», isto porque, e segundo ele, na sua história recente esta triste gente apenas consegue tomar medidas geradoras de mudança quando as mesmas são emanadas do exterior.
E deu como exemplos as outras vindas do FMI, a adesão Europeia, e a entrada no Euro.
Eu gostaria de perguntar ao triste do Pedro se o 25 de Abril foi feito por "camones" ?
Ou será que o conceito de história recente do triste Pedro só reconhece aquilo que se passou de 1974 para a frente ?
Se calhar não é nada disto, não é triste Pedro ?
O mais certo é tu só poderes escrever aquilo que te mandam, sob pena de não escreveres de todo.

Triste gente esta, como o triste Pedro !

8 de maio de 2011

Portugal 1 - Finlândia 0.

Vão-me desculpar a falta de originalidade, mas não consegui resistir à tentação de divulgar, também aqui neste meu espaço, esta belíssima "bofetada de luva branca" aos nossos "amigos" Finlandeses.
Sempre abominei de forma veemente a ingratidão, e embora eu esteja longe de ser um Europeísta convicto, a verdade é que considero inaceitável a deplorável atitude que alguns Finlandeses (devemos resistir à tentação de tomar a parte pelo todo) tiveram em relação a um Estado Membro da UE que atravessa situação delicada, como é o nosso caso.

2 de maio de 2011

Terrorismo de rabo na boca.

Hoje, já por várias vezes vi, li e ouvi que a morte de Osama Bin Laden constitui um marco na luta contra o terrorismo.
É de facto estranho, para não dizer mesmo absurdo, que a morte (leia-se, assassinato) de uma pessoa constitua uma vitória contra o terrorismo.
Isto leva-me a equacionar se haverá dois terrorismos ?
Um bom, outro mau. Um aceitável, outro inaceitável. Um justo, outro injusto.
Alguém que, pelo que se supõe e pelo que vimos e ouvimos das suas intervenções junto das cadeias de televisão próximas da Al Qaeda, perpetrou e incentivou ataques terroristas como o 11 de Setembro nos EUA, ou o 11 de Março em Madrid, não pode, de facto, passar impune e deverá ser preso e julgado severamente.
Durante o processo de captura, pelos vistos, não foi possível evitar a sua morte, agora, não podemos (nós Ocidente) é achar que esta é uma morte legítima.
Para entendermos este tipo de questões é necessário, muitas vezes, invertermos as nossas linhas de raciocínio e colocarmo-nos no plano inverso.
Imaginem que eram, qualquer um de vós, uma criança Iraquiana de 10 anos de idade aquando da invasão do Iraque por parte dos EUA.
Imaginem que num dos raids aéreos dos EUA a vossa família é toda morta.
Essa criança cresce, inevitavelmente, de forma amargurada e revoltada com o que passou, e para ela, o Terrorista é o Bush, ou mais recentemente o Obama. E vão-lhe lá dizer o contrário ! então ela não viu os pais e os irmãos serem mortos por forças militares dos EUA ?
Imaginem que essa criança chega a um cargo de topo na hierarquia política do seu país e ordena que se capture e mate Barack Obama.
E imaginem que essa ordem é cumprida com total sucesso.
Que diriam então, nesse momento, aqueles que hoje afirmaram que a morte de Osama Bin Laden foi uma vitória na luta contra o terrorismo ?

O que ontem aconteceu jamais constitui uma vitória sobre o terrorismo, antes, uma perpetuação do mesmo, que ainda por cima elevará à condição de mártir a horrenda figura de Osama Bin Laden.

p.s.
foto "manhosa" e sem qualquer credibilidade a que consta neste post.