A APL (Administração do Porto de Lisboa) manifestou a intenção de construir um Terminal de Contentores na Trafaria (Margem sul do Tejo, freguesia de Almada com frente ribeirinha e marítima), junto das já existentes instalações de silos da Silopor. Este terminal, segundo a APL, teria uma extensão de cais de 1.000 metros e uma área de 630.000 m2 de parqueamento de contentores e plataforma logística, permitindo que se movimentassem por ano um milhão de contentores.
Tal intenção é totalmente contrária à estratégia, já há muito apresentada pela Câmara Municipal de Almada (CMA), que visa sobretudo a redução de instalações industriais na zona da Trafaria, requalificação urbana e a valorização ambiental, que incentive actividades que promovam o emprego e de elevado potencial económico, como são o turismo, pesca, recreio e lazer e aproveite de forma sustentável as áreas de elevado valor patrimonial que a Trafaria tem, nomeadamente os seus recursos naturais e paisagísticos.
Que a APL pretenda criar o Terminal e respectiva paltaforma logística, não me surpreende e até entendo que são obras necessárias.
O que já não consigo entender é que essas obras venham a ser feitas na zona da Trafaria, porque não é preciso pensar-se muito para encontrar questões básicas que desaconselham de todo tal decisão.
Para quem não conheça a região, deixo aqui a informação que a freguesia da Trafaria é, por ventura, a mais remota freguesia do concelho de Almada, é uma pequena e bonita vila piscatória que se encontra, em termos geográficos, "entalada" entre o Tejo e o serro que sobe até à zona do Monte de Caparica. Precisamente por ser uma zona de geografia acidentada, é também uma das mais mal servidas freguesias Almadenses ao nível rodoviário e de transportes (apenas servida pelos autocarros para Almada e Costa de Caparica e os barcos para Belém).
Perante tal cenário, gostaria de saber se a APL terá feito o "trabalho de casa" para aquilatar bem do enorme erro que seria criar uma estrutura da dimensão pretendida, numa zona onde o escoamento dos contentores e suas respectivas matérias se torna quase impossível, dada a ausência de estradas adequadas para esse obejctivo e, por exemplo, inexistência de comboio, que é por excelência o meio de transporte mais adequado para o correcto funcionamento duma plataforma logística.
Enfim, espero que impere o bom senso, e que a moção de rejeição a este projecto que a Assembeleia Municipal de Almada já emitiu, seja devidamente analisada pelo governo, para evitarmos mais um erro crasso, que em nada abonará ao desenvolvimento sustentado do país, e que pior que isso será mais um enorme desperdício de verbas, para além de constituir também, um verdadeiro atentado ambiental á zona da Trafaria, já de si tão castigada pelos malfadados silos que lá foram construídos há uns anos atrás.
Parafraseando um conhecido ex-ministro, eu diria :
- Contentores na Trafaria, "jamais" !
Eduardo, isto não há palmo de terra que fique imune à estratégia destruidora desta rapaziada.
ResponderEliminarE como normalmente o fazem sem grandes estudos não espanta que se gastem rios de dinheiro a remediar.
E já agora: e se alguém se lembrar de dinamitar as pontes sobre o tejo como é que ficamos?
É verdade Paulo, parece que a sede predatória desta gente é inesgotável.
ResponderEliminarE eu nem detalhei, para não alongar ainda mais o post, os planos da CMA para a zona da Trafaria que são excepcionais, e são totalmente virados para a conservação do ambiente (zonas de passeios pedestres aproveitando a paisagem maravilhosa do Tejo e da sua barra, ciclovias, reflorestação de determinadas zonas, parques, etc.) e melhoria da zona ribeirinha (condições para os pescadores, recreio marítimo, etc.), enfim, uma coisa com pés e cabeça, que estes Srs. agora pretendem fazer abortar para ir ali gastar, largos e largos milhões, numa estupidez inqualificável.
E tal como disse no post, longe de mim ser contra o terminal e a plataforma, agora ali ???
Santa paciência !!!
Anda tudo doido ou quê ?
eheheheheheheheh
ResponderEliminarIsto hoje está demais! :))
É que política portuguesa e internacional, não tem ponta por onde se pegue!
Para alguma coisa, foi criada a crise de 2008...
Nunca mais teremos controlo no que fazem!
Lê estes dois artigos:
http://altohama.blogspot.com/
http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/3391691.html
Ó Eduardo, essa zona não era uma para onde estava pensado um projecto de reabilitação urbana em grande estilo?
ResponderEliminarAcho que me lembro de ter visto qualquer na televisão sobre isso.
Penso que a zona a que o FP se refere é a zona Almada Nascente, onde estavam (estão) instalados os, já desactivados, estaleiros navais da Lisnave.
ResponderEliminarEfectivamente, aí vai nascer uma "cidade" nova, com vários edifícios amigos do embiente, quer para habitação, quer para escrítórios e comércio, bem como zonas de lazer e para prática de desportos náuticos, aproveitando as docas que ainda lá estão da Lisnave.
Confesso, que é tudo muito bonito, e que é capaz de vir a ser bom para a cidade, eu, no entanto, tinha outra presectiva para aquele espaço e tenho muita pena que não se tenha enveredado por aí.
A ideia que defendia era a de se aproveitar aquele (enorme) espçao para a construção dum grande parque temático, á imagem da Eurodisney, ou da Warner Bros. de Madrid.
Portugal, é dos poucos países europeus que não tem um parque temático de grande escala, e aquela zona (de frente para Lisboa) e a 15 minutos do aeroporto era, a meu ver, o sítio ideal para um projecto desses.
Para além de que, dessa forma, estariamos a criar imensos postos de trabalho directos e permanentes, quer na construção do parque, na sua exploração, bem como nos investimentos turísticos (hotéis) que necessáriamente seriam atraídos para ali.
Continuo a lastimar que não tenha sido essa a opção, mas o poder do "betão" pode ter falado mais alto.
Obrigado pelo esclarecimento, Eduardo.
ResponderEliminarEssa do parque temático era bem vista, embora fosse de recear que lhe sucedesse o mesmo que a dois projectos algures para os lado da Ota (tenho uma memória do caraças).
O AICEP, uma coisa onde está o Basílio Horta, reprovou um porque existia outro e dois parques no mesmo sítio (perto um do outro) não davam; e o outro foi reprovado porque existia o um!
Dá para acreditar?
Assim de dois passamos a nenhum em menos que um fósforo.
Andam agora ao que creio os dois empreendedores a tentar fazer um dois em um para um parque temática com referência maior nas Descobertas.