Querido Pai Natal, se a memória não me atraiçoa, a última vez que te enviei uma cartinha foi já há 35 anos atrás (depois do Mário Soares assumir a Governação deixei de acreditar em ti ... desculpa !).
Mas este ano o desespero é tão grande que não vejo outra solução que não seja recorrer aos teus serviços (e contactos) para me ajudares a passar melhor a quadra Natalícia e a encarar o ano de 2012 com alguma coragem.
Como deves compreender, 35 anos sem te pedir nada, fazem com que os meus pedidos deste ano sejam, digamos assim, grandotes.
Espero que entendas a minha situação e que correspondas ás expectativas que deposito na tua pessoa.
Vamos lá então :
Querido Pai Natal, peço-te que tenhas paciência, muita, mas mesmo muita paciência, e que expliques o seguinte aos nossos Governantes.
1) A dívida Portuguesa deverá ser renegociada, quer no tempo, bem como nas taxas de juro aplicadas.
2) Não deveremos privatizar o sector empresarial do Estado, porque com isso estaremos a hipotecar o futuro do País, e aí sim, o pagamento da dívida é pouco mais que uma miragem.
3) Explica aos nossos governantes, que as relações históricas que Portugal tem com África, Brasil, China e Índia (todas elas economias emergentes) deverão, agora mais que nunca, servir para cativar investimentos (nos dois sentidos) que permitirão a revitalização da economia Portuguesa.
4) Sendo Portugal o País da UE com melhores relações com estas economias emergentes, a nossa postura na UE deve ser de "peito aberto" e nunca de "parente pobre" aceitando que nos diminuam e nos ridicularizem nas negociações. No futuro, a necessidade da UE em negociar com estas economias será cada vez maior, e Portugal deverá assumir o papel principal nas relações da UE com estes países.
5) A posição geo-estratégica de excelência que Portugal detém em termos Europeus (somos a porta de entrada de mais de 80% dos produtos que chegam ou saem da Europa por tráfego marítimo), deverá ser aproveitada ao máximo, através da construção de grandes plataformas nos Portos de Sines e de Aveiro, o que nos daria, assim, um verdadeiro monopólio neste negócio de muitos e muitos milhões.
6) A criação destas infra-estrutras, e a sua mais que certa rentabilização, poderiam ser usadas precisamente como "moeda de troca" no abatimento da nossa dívida, através da assinatura de protocolos (que favoreçam Portugal, e não que o prejudiquem como até aqui) que possbilitassem "descontos" aos países da UE que delas usufruíssem e com esses "descontos" a resultarem em abatimento da nossa dívida.
7) A revitalização do nosso sector das pescas é uma necessidade premente e inadiável. Somos o País da UE com maior frente marítima e consequentemente teremos de assumir, de vez, o papel de maiores fornecedores de peixe à UE.
8) A nossa Agricultura deverá ser repensada e revitalizada. Não temos território que nos permita produzir em quantidade, mas temos um clima e terrenos que nos permitem produzir com grande qualidade. Os mercados hoje em dia absorvem dois tipos de produtos.
O produto normalizado produzido em grande quantidade e a preços baixos, e o produto de grande qualidade (dito Gourmet) produzido em pouca quantidade e a preços elevados. É precisamente neste segundo tipo de produtos que Portugal pode e deve investir.
Exemplos ?
Cereja do Fundão; Maçãs e Pêras do Oeste; Laranjas Algarvias; Vinho de Norte a Sul do Pais; Espargos, Cogumelos e Trufas dos nossos Montados de Sobro; Mel; etc. etc. etc.
Bom, querido Pai Natal, tinha muito mais coisas para te pedir, mas por esta altura acredito que, das duas uma, ou já te deixaste dormir a ler este minha carta, ou estás aflito a pensar que não vais ser capaz de cumprir a preceito as tarefas que aqui te encomendo.
Se for esse o caso, deixo-te aqui uma dica :
- Destitui o Governo, e entrega-o a uma "rapaziada" que tem sede partidária ali na Soeiro Pereira Gomes. Vais ver que nunca mais te escrevo !