19 de setembro de 2009

(De)formação Cívica


Na 2ª feira passada teve inicio mais um ano escolar e foi feita, nesse mesmo dia, uma reunião de apresentação ao pais, como já vem sendo hábito. Constatei, no caso concreto da Escola (pública) do meu filho, algumas melhorias, o que é sempre de saudar. O que não é de saudar e mais uma vez me causa, por um lado tristeza, por outro preocupação quanto ao futuro, é a forma displicente como é tratada a disciplina de Formação Cívica. Continua a ser uma disciplina de plano secundário em relação ás demais, leccionada por um professor de outra qualquer disciplina, com uma carga horária de (apenas) 45 minutos semanais e com uma avaliação diferenciada e que nem conta para a passagem final de ano. Quando aqui há uns anos vi ser criada esta disciplina, devo confessar que fiquei muito feliz e com aquela esperança de que, devagar, mas sustentadamente estaríamos a caminhar no sentido certo, qual quê ! Estamos, mais uma vez, perante uma medida que se pretendia (re)estruturante, mas que mais não foi que uma manobra de maquilhagem para calar alguns. Formação Cívica deveria ser uma das disciplinas base do nosso ensino, e que visasse sobretudo formar as novas gerações para o futuro, dando-lhes conhecimentos sólidos sobre cidadania, e correctos comportamentos sociais a todos os níveis. Ao invés, estamos perante uma disciplina tratada de forma menor, que ajudou apenas o propósito de aumentar a carga horária dos alunos, mantendo-os na escola durante mais tempo. Mais uma vez lastimo a forma displicente como vamos perdendo todos os "comboios" que passam rumo ao futuro. E com tanto "comboio" destes perdidos, não haverá depois "TGV" que nos salve. É que nesta linha, o "comboio" só costuma passar uma vez !

5 comentários:

  1. Postas as coisas desta forma e considerando apenas o nome da disciplina [FORMAÇÃO CÍVICA], estou inteirmante de acordo consigo.

    Contudo, e depois das minhas gêmeas por lá terem passado, vi-me rapidamente na contingência de ver naquilo mais uma operação de cosmética que os nossos sucessivos ministros da (Des)Educação têm permitido àqueles seres anónimos que deambulam pelos corredores bafientos do Ministério da (Des)Educação que, em nome duma coisa chamada Escola Inclusiva e Democrática, têm causado os maiores danos à Nação.

    Atenção que eu sou um defensor da Escola Pública (é numa que as minhas filhas estudam e não vejo no que é que os bárbaros dos meus sobrinhos beneficiam em andar num colégio requintado quando em matéria de civilidade estão ao nível dum huno), mas duma escola de excelência, rigor, exigência e aprendizagem. Aqui devo ser antiquado, pois tenho para mim que a escola pública ideal seria aquela onde os jovens recebessem instrução. Instrução na escola, educação em casa: eis o lema da escola pública ideal.

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  2. E eu pelos vistos ainda sou mais antiquado que o Ferreira-Pinto.
    Porque não só advogo tudo quanto disse, e em especial quando diz "instrução na escola, educação em casa", como acrescento que só a melhoria da escola não chega. Enquanto os pais se demitirem, como se demitem, de darem educação em casa achando que isso também é função da escola, então estamos mal, muito mal.
    As escolas tornaram-se, para muitos "paizinhos", em despositários de crianças !
    Os professores que os aturem, pensarão eles (?).

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  3. Meu caro, pensam e por vezes agem nesse sentido!
    Nem sabe as vezes que fico com os cabelos em pé (como rapo os mesmos é em sentido figurado), quando ouço certas atoardas nas reuniões de pais!

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  4. Olá:
    mas que bem que escreve! Que boa argumentação! Parabéns! É um bom utente do Português! Fico muito feliz com isso!
    Gostei deste seu texto; gostei desta sua justificada contestação. Penso exactamente o mesmo das aulas de Educação Cívica que, aliás, nunca dei! Se as tiver de dar, será um espaço para que os meus alunos aprendam a ser cidadãos, a valorizar determinados hábitos, realidades, tradições, etc. Para, se construírem enquanto pessoas e se tornarem mais conscientes no mundo e na vida. Terei de me esforçar muito; de estudar; de arranjar estratégias e materiais; outras pessoas que participem nessas aulas e contribuam com os seus saberes específicos...
    Concordo com o que diz no comentário a este seu texto acerca da demissão dos pais, apesar de, actualmente, eles quererem ser tão presentes, mas apenas para se intrometerem, desvirtualizarem o trabalho do professor, ajudarem a uma confusão enorme que existe entre educação e formação. Eu não posso nunca substituir os pais, bem como os pais não devem, nem podem nunca pretender substituir-me a mim!
    Vejo que gostou das "banalidades". É um espaço do meu devaneio.
    Eu vou passar por aqui mais vezes porque acho que apresenta temas interessantes e porque me dá prazer ver o modo como um antigo aluno meu vai dando conta das suas ideias através da escrita! Parabéns e até sempre. Jinhos

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  5. Obrigado pelas palavras elogiosas Sra. Professora.
    Venha sempre, será bem vinda. Faço tenções de também andar pelo Banalidades com frequência.

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