- Que este seja em definitivo o ano em que todos daremos as mãos pelo nosso Planeta Terra.

Tal como era de esperar, Sócrates esmagou Ferreira Leite no debate de ontem.
E por mais estranho que possa parecer, eu fiquei satisfeitíssimo que tal tenha sucedido.
Só tenho pena é que esta situação não possa ser devidamente aproveitada pelo Povo Português, dada a sua falta de cultura política.
Durante décadas que a grande franja do nosso eleitorado, que são os indecisos, e que vão votando á vez entre PS e PSD, o fazem baseados na falsa sensação do voto útil.
Mas útil para quem ?
Para o Povo nunca o há de ter sido certamente. Há de ter sido, e foi-o seguramente, para que pudéssemos assistir ao crescimento político de personagens que, num País onde houvesse a menor cultura política, teriam morrido á nascença.
É necessário que as pessoas parem, pensem, usem um bocadinho da sua inteligência e apelem á sua memória e parem de vez com esta acefalia do voto útil, que ora cai para o lado do PS ora cai para o lado do PSD.
Foi através deste voto útil, a que eu prefiro chamar voto estúpido, que nós conseguimos ter os últimos 4 brilhantes 1º Ministros que tivemos e que colocaram o País onde colocaram.
Chega ! é tempo de se votar efectivamente de forma útil, e para o fazer já não restam dúvidas, depois do que se tem visto nos últimos tempos nesta campanha.
O PS governou como governou nos últimos 4 anos e deixou-nos no estado em que estamos. Governou com base na mentira, com base no abuso de poder, que de forma continuada abafou os escândalos, e foram vários, que envolveram o 1º Ministro e que num País com cultura política teria valido a queda do Governo.
Do lado PSD temos uma líder, prepotente, arrogante, ditatorialmente determinada e disposta a retirar-nos a democracia em que vivemos. Disse ela que seriam por 6 meses, eu acredito que com ela, seria para sempre.
Restam duas hipóteses, ou o voto útil cai à direita, ou cai à esquerda, o que equivale a dizer que já só resta uma hipótese, pois ninguém no seu perfeito juízo entregará, em especial na conjuntura actual, o seu voto a um CDS que, a meu ver, até tem nas pessoas do seu líder e do deputado Nuno Melo os únicos políticos capazes (para quem se reveja nas políticas neoliberais de direita), mas ainda assim insuficientes de se constituírem como uma real opção para formar governo.
Chegámos, por exclusão de partes á esquerda, mas também aqui há que ter cuidado, é que há a esquerda do PCP e a esquerda do Bloco. São esquerdas, uma e outra, têm grandes afinidades, mas vejo um Bloco cada vez mais vaidoso, mais embevecido com os resultados favoráveis das ultimas eleições, e quando assim é, há que ter cuidado, porque quem assim reage, deslumbra-se com facilidade se chegar ao poder.
Já no PCP, vejo finalmente, com a liderança de Jerónimo, um PCP rejuvenescido, livre de algumas amarras do passado, e que defende políticas económicas, financeiras e sociais que vão de encontro áquilo que são as expectativas do Povo. Acima de tudo vejo um PCP que aligeirou o seu aparelho partidário, que o tornava num partido demasiado inflexível e incapaz de gerar confiança absoluta naqueles que, como eu, sendo de esquerda, não são necessáriamente Comunistas.